“Já foram entregues os dois estudos de Impacto Ambiental que correspondem à primeira fase. Estamos a falar da ligação entre Porto e Soure, dividida em dois pedaços: um entre o Porto e Oiã e outro entre Oiã e Soure”, disse hoje aos jornalistas, no Porto, o secretário de Estado das Infraestruturas, Frederico Francisco.
O governante falava à margem da conferência “Portugal e a Alta Velocidade Ferroviária”, que decorreu hoje na Sede da Região Norte da Ordem dos Engenheiros, no Porto.
O projeto da alta velocidade, que prevê ligar Porto e Lisboa em cerca de uma hora e 15 minutos, continua “em fase de desenvolvimento de projeto”, e com a entrega dos estudos à APA “já se iniciou o processo de avaliação de impacto ambiental”, disse o também antigo coordenador do Plano Ferroviário Nacional.
“Em simultâneo, estão a ser preparados todos os documentos e todas as peças que são necessárias para, uma vez concluída a avaliação de impacto ambiental, podermos lançar os concursos”, acrescentou Frederico Francisco.
Já dentro da conferência, o vice-presidente da IP, Carlos Fernandes, disse que espera receber a declaração de Impacto Ambiental no segundo semestre, podendo lançar os concursos a partir daí e arrancando depois para a ligação Braga – Vigo.
Já o presidente da CP – Comboios de Portugal, Pedro Moreira, reiterou que o não saneamento da dívida histórica da CP “pode criar um problema” à entrada da empresa na alta velocidade, uma vez que o setor está “completamente liberalizado” e a CP “terá de se endividar” para entrar nele, estando já comprovada a viabilidade económica interna da operação.
À margem da conferência, os bastonários das Ordens dos Economistas e Engenheiros, que a organizaram, frisaram a necessidade de se tomarem decisões.
“Portugal não pode perder mais tempo com tanta discussão. Tem que ser muitíssimo mais rápido a decidir, sem prejuízo da discussão ser saudável. Mas não se pode perder tanto tempo. Nós andamos há imenso tempo às voltas com decisões que não são tomadas, e o custo de não fazer neste momento é muito maior do que o custo de fazer”, disse aos jornalistas o bastonário da Ordem dos Engenheiros, Fernando de Almeida Santos.
Já António Mendonça, bastonário da Ordem dos Engenheiros e antigo ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações (2009-11, Governo PS), defendeu que, “mais do que acertar posições”, as ordens devem “contribuir para que as decisões sejam as mais acertadas”.
“O país tem estado parado, praticamente, nos últimos 20 anos em matéria de desenvolvimento infraestrutural e, entretanto, o mundo à nossa volta, a Europa e a própria Espanha, não parou, e é importante que nós não fiquemos atrás”, vincou o economista.
As ordens dos Engenheiros e dos Economistas defenderam hoje que o desenvolvimento da alta velocidade ferroviária entre Braga, Porto e a Grande Lisboa “é prioritário”, defendendo ainda uma reflexão sobre o traçado entre a capital portuguesa e Madrid.
A nova linha de alta velocidade Porto-Lisboa, que pretende ligar as duas principais cidades do país em apenas uma hora e 15 minutos no serviço direto, será construída em três fases, de acordo com a apresentação da Infraestuturas de Portugal (IP) feita em setembro de 2022.
Em Campanhã, no Porto, a estação ficará ainda preparada para esta nova linha, bem como para ligações a norte, incluindo Vigo, e para uma ligação “a construir no futuro” ao aeroporto Francisco Sá Carneiro.
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