Uma análise feita pela organização independente VoteWatch para um consórcio de meios de comunicação social portugueses em Bruxelas - constituído pela Lusa, Público, Expresso, RTP, SIC, TVI e Antena 1 - relativamente ao desempenho dos 21 eurodeputados portugueses no mandato que arrancou em 2014 e agora termina revela que Portugal foi o 6º país, entre os 28 Estados-membros, com maior taxa de participação dos seus deputados nas votações nominais em plenário, com uma média de 91,46%.
O mais bem classificado é Carlos Zorrinho (PS), com uma percentagem de 98,51%, surgindo em segundo lugar Pedro Silva Pereira (também do PS) com 97,71%, em terceiro Sofia Ribeiro (PSD) com 97,53%.
Estes quatro deputados portugueses estão, desde logo, entre os 100 eurodeputados mais participativos da legislatura do Parlamento Europeu, ocupando, respetivamente, as 35.ª, 58.ª, 68.ª e 90ª posições.
A Votewatch faz notar que deve ser tido em conta que a participação de eurodeputados em atividades externas oficiais em representação do Parlamento pode ter um impacto, que não é aqui tido em conta, na taxa de participação nas votações em plenário.
Em declarações prestadas ao consórcio de jornalistas portugueses na última sessão plenária da legislatura, em abril, Carlos Zorrinho argumentou ter tido uma participação “bastante acima de média” neste mandato, nomeadamente nas áreas da energia e do digital.
“Não apenas acima da média dos eurodeputados portugueses – não muitos trabalharam nestas áreas -, mas também acima da média dos deputados europeus que trabalharam estes temas”, acrescentou.
Falando no mesmo contexto, Pedro Silva Pereira realçou o “volume de trabalho” que teve nesta legislatura, ao ter participado em 25 relatórios e pareceres, mas também a “intervenção concreta em dossiês decisivos, onde esteve em jogo também o interesse de Portugal”.
Sofia Ribeiro, do PSD, referiu nas declarações aos jornalistas portugueses que participou “em todas as sessões, de segunda a quinta-feira,” e que esteve “sempre em todas as atividades plenárias”.
“Um deputado quando aqui chega tem de fazer uma série de escolhas relativamente àquilo que dá prioridade. […] A minha opção foi clara, foi do trabalho no terreno”, acrescentou.
A pior classificada neste parâmetro da participação individual é Cláudia Monteiro de Aguiar (PSD), com uma percentagem de 74,64% - que lhe conferem o 683º lugar entre os 751 deputados ao Parlamento Europeu -, seguida por Maria João Rodrigues (PS), com 79,27%, e Paulo Rangel (PSD), com 80,24%.
Cláudia Monteiro de Aguiar apontou, falando ao consórcio de jornalistas portugueses na última sessão plenária, de abril, que a maternidade teve impacto na sua participação neste mandato.
“Nunca é o tempo certo e acho que a maternidade é um projeto de vida que tive de colocar em primeiro lugar. As minhas duas filhas surgiram neste mandato e, claramente, foi necessária muita gestão, muito apoio familiar para conseguir abraçar estes dois projetos”, assinalou.
Por seu lado, Paulo Rangel admitiu, em declarações aos jornalistas na mesma ocasião, ter estado ausente nalgumas sessões devido ao seu cargo de vice-presidente do Partido Popular Europeu.
“Não acontece aqui no Parlamento Europeu aquilo que acontece no Parlamento nacional em que trabalho político justifica as ausências”, notou o eurodeputado, falando ainda em faltas por razões pessoais.
Também Maria João Rodrigues, em declarações prestadas em abril, assinalou o cargo que desempenhou neste mandato como vice-presidente do Grupo da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (S&D) no Parlamento Europeu.
Este era “um grupo muito grande que chegou a ter 190 deputados de 28 Estados-membros e eu tinha de lidar com todos eles e a propósito de dezenas de assuntos”, notou.
No estudo da VoteWatch a participação é calculada com base na quantidade de vezes em que os eurodeputados votaram em plenário no Parlamento Europeu, logo, participando nas sessões.
Por vezes, a participação eleitoral é calculada com base na assinatura da lista de presenças das sessões, mas isso não implica, necessariamente, que os eurodeputados estejam nas reuniões.
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