José Eduardo Martins foi apresentar o livro “Morrer com Dignidade – A decisão de cada um”, organizado pelo médico e ex-deputado bloquista João Semedo, no parlamento, em Lisboa, ao lado de Ana Jorge, médica e antiga ministra da Saúde do PS.
Sem entrar em grandes argumentos jurídicos e constitucionais, embora lhes faça referência no texto que assina no livro, José Eduardo Martins valorizou, antes, o valor da liberdade de poder optar por um fim da vida com dignidade, alertando que a aprovação da lei é mais um direito que o cidadão adquire no fim da vida, se estiver em sofrimento extremo.
O advogado contou que, no escritório em que trabalha, há um pequeno livro com que se explica a Justiça às crianças e por que motivo “não se pode ficar com o gelado do vizinho”, se ele não o quiser dar.
Mas também se explica as crianças que não se pode tirar o gelado do vizinho, mas “não se é obrigado a gostar do gelado do vizinho”.
Porque, justificou, há que proteger “o mais importante dos valores que é a liberdade
“É isso que nos move a todos”, afirmou.
José Eduardo Martins agradeceu o empenho de todos os que vão empenhar-se na aprovação da lei, para quer “quando chegar a altura de aliviar o sofrimento” a alguém, tenha sido “possível dar o passo em frente”
“E ter a lei do nosso lado”, disse o ex-deputado, depois de citar oi texto assinado pela socióloga Maria Filomena Mónica que, apesar “não encarar a morte com placidez”, queria ter a lei do seu lado se optasse por uma forma de morte medicamente assistida.
Os quatros projetos de lei para despenalizar e regular a morte medicamente assistida em Portugal vão ser debatidos e votados, na generalidade, em 29 de maio na Assembleia da República.
O PAN foi o primeiro a apresentar um projeto, ainda em 2017, seguido pelo BE, pelo PS e o PEV.
Todos os diplomas preveem que só podem pedir, através de um médico, a morte medicamente assistida pessoas maiores de 18 anos, sem problemas ou doenças mentais, em situação de sofrimento e com doença incurável, sendo necessário confirmar várias vezes essa vontade.
PSD e CDS-PP já admitiram, no passado, a realização de um referendo sobre o tema da morte medicamente assistida, hipótese que o PS afasta claramente.
O novo presidente do PSD, Rui Rio, é, pessoalmente, favorável à despenalização da eutanásia e contra o referendo, embora admita que o partido discuta a questão da consulta popular.
O PCP ainda não tomou posição oficial sobre esta matéria, mas o DN noticiou hoje que vai votar contra.
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