Antonio Cícero fora diagnosticado com Alzheimer e, reconhecendo que a vida se havia tornado “insuportável”, recorreu à morte medicamente assistida, realizando o procedimento no país europeu.
A informação da morte foi confirmada pela ABL, onde o autor ocupava a cadeira 27 desde agosto de 2017.
Nascido no Rio de Janeiro em 1945, Cícero foi um autor multifacetado, tendo escrito ensaios, críticas literárias, poesia e colunas jornalísticas, e notabilizou-se como um dos mais célebres letristas da música popular brasileira.
A editora Companhia das Letras, que se prepara para lançar, em 2025, o seu último livro de ensaios, "O Eterno Agora", depois de publicar “Finalidades sem fim” (2005) e “A poesia e a crítica” (2017), lamentou a morte e declarou a sua solidariedade "com leitores, familiares e amigos".
“Cícero era um dos principais letristas, poetas, críticos e ensaístas do país. Grande leitor, de um conhecimento vasto e erudito, mas sempre acessível e extremamente generoso. Uma perda gigantesca para a cultura brasileira”, afirmou a sua editora Alice Sant’Anna.
O crítico literário e filósofo deixou uma carta explicando a decisão de ter optado pelo suicídio assistido, na qual declara que a doença de Alzheimer tornou a sua vida "insuportável".
"Não me lembro sequer de algumas coisas que ocorreram não apenas no passado remoto, mas mesmo de coisas que ocorreram ontem. Exceto os amigos mais íntimos, como vocês, não mais reconheço muitas pessoas que encontro na rua e com as quais já convivi. Não consigo mais escrever bons poemas nem bons ensaios de filosofia. Não consigo me concentrar nem mesmo para ler, que era a coisa de que eu mais gostava no mundo. Apesar de tudo isso, ainda estou lúcido bastante para reconhecer minha terrível situação", escreveu, já na Suíça.
Confessando-se "ateu desde a adolescência", Cícero disse ter consciência de lhe caber a si a decisão sobre se a sua vida "vale a pena", querendo poder "morrer com dignidade".
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