À chegada, Morales agradeceu a oferta de asilo político ao Presidente mexicano Andrés Manuel Lopez Obrador, considerando que este lhe "salvou a vida".

"Agradeço ao México, às suas autoridades. Mas também quero dizer que, enquanto estiver vivo, continuarei na política; enquanto eu estiver no comboio da vida, a luta continua", disse Morales naquela que foi a sua primeira — e breve — declaração no hangar do Exército mexicano.

O Governo do México diz que aceitou o pedido de asilo de Evo Morales por “razões humanitárias”, considerando que a sua vida tinha ficado em perigo, depois de o ex-Presidente da Bolívia ter perdido o apoio das forças policiais e militares do país que governou durante 13 anos.

Visivelmente cansado, após uma longa viagem com várias peripécias diplomáticas, Evo Morales atribuiu a um “golpe de Estado” a sua renúncia forçada, depois de várias semanas de manifestações de protesto contra aquilo que os seus opositores consideraram ser uma vitória ilegítima, nas eleições de 20 de outubro, em que fora reeleito Presidente da Bolívia.

À chegada ao aeroporto da capital mexicana, Morales - que viajou acompanhado do ex-vice-Presidente, Álvaro García Linera, que também se demitiu - foi recebido pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Marcelo Ebrard, que o abraçou e manifestou a “alegria” por lhe poder dar asilo.

Atrás de Ebrard estavam mais de 200 jornalistas que se concentraram no antigo hangar presidencial do aeroporto para aguardar a chegada de Evo Morales, cuja viagem demorou bem mais do que o esperado, após vários incidentes diplomáticos, que incluíram o encerramento de espaços de voo e a rejeição de autorizações de aterragem, por parte de vários países sul-americanos, por causa da presença do ex-Presidente.

Mas a chegada do ex-Presidente boliviano foi pretexto para uma concentração de polícias federais mexicanos, que protestaram contra a criação da Guarda Nacional, uma nova força de segurança implementada pelo Presidente do México, Andrés Lopez Obrador.

O pedido de asilo de Morales também dividiu os partidos políticos no Congresso mexicano, com os deputados de esquerda, liderados pelo Movimento Nacional de Regeneração, a mostrar simpatia com o gesto, em contraste com a rejeição expressa pelo Partido de Ação Nacional (conservador).

Ainda não se sabe onde Evo Morales ficará a viver, nem que recursos financeiros ficarão à sua disposição, para o seu período de exílio.

*Com agências