Os pais de crianças que frequentem até ao 1.º ciclo que se encontrem em teletrabalho também vão poder optar entre manter-se a trabalhar ou requerer o apoio aprovado na quinta-feira em Conselho de Ministros.
“Se os professores com filhos até 10 anos puderem ficar a tomar conta deles, estamos a falar de milhares de professores que deixam de dar aulas”, alertou o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, em declarações à Lusa.
Apesar de a maioria dos docentes ter mais de 50 anos, a Fenprof estima que haja cerca de 20 mil com filhos até aos 12 anos e cerca de 15 mil com dependentes com menos de 10 anos.
“É verdade que os professores não conseguem dar aulas com as crianças em casa, porque não é possível articular o horário das aulas, que têm uma hora certa para começar e terminar, com o tempo dos miúdos, que a qualquer momento interrompem ou, simplesmente, precisam de atenção”, sublinhou Mário Nogueira.
Por isso, a Fenprof tem defendido que os docentes deveriam poder deixar os filhos numa das escolas de acolhimento, que estão a receber crianças desde o reinício do ensino à distância, que começou a 08 de fevereiro.
Cerca de 700 estabelecimentos de ensino acolhem diariamente os filhos de trabalhadores essenciais, assim como as crianças que em casa não têm condições para acompanhar as aulas ‘online’ ou os alunos com necessidades educativas especiais.
Para a Fenprof, nesta lista deveria constar também os filhos dos professores: “Temos uma colega que tem dois gémeos de três anos e outro pequenino, como é que ela consegue estar a dar uma aula? É impossível. Depois temos outra que tem cinco filhos. Estas situações poderiam resolver-se se pudessem deixar as crianças nas escolas de acolhimento”, disse à Lusa.
O diploma aprovado na quinta-feira prevê que o valor do apoio suba aos 100% e algumas situações, como por exemplo quando os pais optam por alternar a assistência entre os dois.
Mário Nogueira alertou que as aulas também não estarão asseguradas no caso dos docentes que optem por dividir o apoio à família com o cônjuge.
“As escolas não podem contratar ninguém para estar a trabalhar uma semana e depois, na outra seguinte, estão desempregados. Nem os alunos podem estar uma semana com aulas e outra sem”, alertou.
Mário Nogueira reconhece que também para as escolas este apoio poderá revelar-se uma dor de cabeça: "Nem sei se os diretores vão conseguir encontrar professores para substituir".
O Conselho de Ministros aprovou que os pais de crianças que frequentem até ao primeiro ciclo do ensino básico ou com crianças com incapacidade superior a 60% vão poder optar entre manter-se em teletrabalho ou requerer o apoio criado pelo Governo para garantir a manutenção de rendimento às famílias afetadas pela suspensão temporária de atividades letivas presenciais.
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