Numa nota de pesar em que envia as suas condolências à família e amigos da atriz, Graça Fonseca refere que o percurso de Fernanda Gonçalves se confunde com a história do Teatro Experimental do Porto, “mas também com a história do teatro no Porto e, até, com a história do próprio teatro”.
“A história do Teatro Experimental do Porto, dos seus fundadores e daqueles que o continuaram, é uma história de exemplos e de resistência”, refere Graça Fonseca, acrescentando que Fernanda Gomes “é um desses nomes”, cujo percurso profissional “se escreve” nos palcos deste teatro e “nas peças encenadas por esta companhia histórica, formadora de muitas das estéticas e dos discursos que, durante os tempos da ditadura, tornaram o teatro português mais próximo da grande história do teatro mundial”.
Na nota de pesar, Graça Fonseca destaca que Fernanda Gonçalves foi uma referência para as gerações de atores que passaram pelo TEP e para os espetadores “que, com o seu talento e empenho, acreditaram na autenticidade única do teatro”.
Referindo Fernanda Gonçalves como “atriz dedicada e formadora”, a ministra salienta que esta deixa na memória de todos aqueles com quem trabalhou “o exemplo de dedicação a uma causa que a todos nos deve orgulhar: a de, através das personagens que interpretou, contar histórias e nelas nos fazer acreditar”.
A atriz morreu esta quinta-feira, no Porto, disse à Lusa o ator e encenador Júlio Gago, amigo da família e antigo diretor da companhia, recordando que Fernanda Gonçalves fez parte da equipa do TEP desde início, desde o primeiro espetáculo, de “Gota de Mel”, de Leon Chancerel, levado a cena em 18 de junho de 1953.
A base de dados do Centro de Estudos do Teatro, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, atribui à atriz a participação em 80 peças em palco, de “Macbeth” a “Os Fantasmas”, todas no TEP, a que junta ainda “A hora em que não sabíamos nada uns dos outros”, de Peter Handke, posta em cena por José Wallenstein, no Teatro Nacional São João, em 2001.
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