A notícia é revelada na edição de hoje do Expresso mas reporta ao final de junho, altura em que uma grávida infetada com o vírus SARS-CoV-2, responsável pela Covid-19, perdeu o bebé de oito meses. A mãe estava assintomática e só soube que estava infetada quando deu entrada no Hospital Fernando da Fonseca (Amadora-Sintra) e fez o teste.

“Sendo o feto positivo para SARS-CoV-2 e tendo sido uma gravidez vigiada, pode presumir-se que a infeção esteve na origem da morte”, disse ao Expresso Antónia Nazaré, diretora do Departamento da Mulher do HFF, que abrange as áreas de Obstetrícia, Ginecologia e o Bloco de Partos.

Trata-se de um caso muito raro  que deverá ser agora investigado para que se possa melhor compreender o que se passou.

Em Portugal,  já nasceram mais de 150 bebés de mães infetadas com o novo coronavírus, mas só em duas situações houve transmissão in utero.

Estudo revelou baixa percentagem da infeção em grávidas

Um estudo realizado pelo Serviço de Obstetrícia do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN), em abril e maio, e divulgado esta semana revelou uma percentagem baixa de grávidas em trabalho de parto positivas à covid-19 e todas sem sintomas da doença.

O trabalho, publicado no ‘Journal of Maternal-Fetal & Neonatal, revela que das 428 grávidas assintomáticas que deram entrada no Hospital Santa Maria, entre 03 de abril e 31 de maio, e que realizaram o teste à covid-19, apenas duas deram positivo (0,47%).

O diretor do Serviço de Obstetrícia do CHULN, que integra o Hospital Santa Maria, Diogo Ayres de Campos, afirmou que os resultados deste trabalho traduzem “um pouco da realidade da região de Lisboa e Vale do Tejo, em que a maior parte das mulheres em idade reprodutora estão assintomáticas”.

Questionado, por ocasião da divulgação do estudo, sobre o primeiro bebé que nasceu em Portugal infetado com o novo coronavírus durante a gravidez, Diogo Ayres de Campos afirmou que são casos muito raros. “A transmissão de mãe para filho durante a gravidez é muito rara. Há cerca de 10 casos bem documentados no mundo numa população de grávidas que é muito grande”, adiantou.