“Durante o dia de hoje, até às 08:30 do dia 09/06/22 o Hospital Garcia de Orta não tem condições para o atendimento de urgência de Ginecologia/Obstetrícia”, indica o hospital num aviso aos utentes, sem especificar a razão deste encerramento.
De acordo com o aviso, o Hospital Garcia de Orta solicita aos utentes que se dirijam a um dos outros hospitais da Península de Setúbal ou da região de Lisboa em caso de urgência de ginecologia e de obstetrícia.
Segundo o presidente do Sindicato Independente dos Médicos SIM), Jorge Roque da Cunha, este é um problema recorrente naquela unidade hospitalar por falta de médicos para assegurar os serviços de urgência.
Também durante o dia de hoje, o hospital esteve sem atendimento de urgência de ortopedia e traumatologia por “não ter condições”.
“Se foi alvo de uma entorse, queda, fratura ou de outra lesão traumática aguda, solicitamos que se dirija a um dos outros hospitais da Península de Setúbal ou da região de Lisboa”, refere o hospital num aviso aos utentes.
O HGO serve atualmente uma população estimada em cerca de 350 mil habitantes dos concelhos de Almada e Seixal.
Hoje, o SIM divulgou uma carta assinada por mais de 60 médicos a denunciar as condições do serviço de urgência na resposta à população, na qual referem que, face à degradação da situação "e o risco de erro médico aumentado", os clínicos têm apresentado minutas de escusa de responsabilidade.
Na missiva assinada por chefes de equipa, médicos especialistas e internos do serviço de urgência do Hospital de Almada, os clínicos referem que “a situação que se vive no serviço de Urgência nos últimos dias está a ultrapassar os limites do imaginável e a esgotar os profissionais de saúde a todos os níveis” e que não têm obtido qualquer resposta dos superiores, com os quais, afirmam, têm comunicado via email nos dias em que estão de urgência através de descrições curtas e objetivas da situação e de escusas de responsabilidade.
Os cerca de 60 médicos que subscrevem a missiva afirmam ainda que tentam encontrar motivação na profissão, mas que não existe motivação que possa “assegurar condições de segurança, qualidade, nem sequer nos mínimos aceitáveis para cuidar das centenas de pessoas a seu cargo” ao fim de oito, 12, 16 e 24 horas de trabalho.
Por outro lado alertam que há uma “franca incapacidade de administração terapêutica a tempo e horas aos doentes”, um problema que já existia, mas que agora, garantem, se agravou “de forma absurda e gravíssima ao ponto de muitas vezes chegarem já tarde demais ao tratamento seguro e eficaz de muitos doentes”.
“Se pudéssemos enumerar todos os problemas fundamentais (falhas na escala de outras especialidades, chegando à ausência completa de urgência de ginecologia e ortopedia numa urgência polivalente), alongar-nos-íamos demasiado nesta exposição e, na verdade, consideramos que já o fizemos por vezes sem conta e houve mais que tempo e oportunidades de tentar, pelo menos, corrigir algumas situações”, salientam.
Este apelo, salientam, vem também da parte de todos os outros assistentes hospitalares e internos que cumprem horas no serviço de urgência, “e por certo dos enfermeiros e auxiliares e todos os outros profissionais que todos os dias lutam para conseguir chegar ao fim de um turno ilesos e com sensação de trabalho cumprido”.
“É urgente uma resposta, um plano, e estamos no limite de tudo o que é razoável. A nossa capacidade para tolerar esta situação termina agora. Não queremos compactuar com esta situação e, como tal, transferimos desde já a responsabilidade para o Conselho de Administração”, afirmam.
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