“É uma aliança de cidades para apoiar projetos que visem, exatamente, lutar no sentido de assegurar que a urgência da ação climática seja uma realidade assumida por todos, e este prémio vai para cidades da África subsariana”, anunciou hoje a presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, Isabel Mota.
A aliança que é constituída por mais de 10.600 cidades e governos locais de 140 países, incluindo Portugal, vai financiar projetos em cinco cidades no Senegal para o fornecimento de água potável e numa cidade nos camarões para o desenvolvimento de soluções de eficiência energética.
Segundo Isabel Mota, a escolha pretende destacar, por um lado, o papel das cidades no combate à crise climática e, por outro, a importância de apoiar projetos direcionados para as populações que são simultaneamente mais desfavorecidas e mais afetadas pelas alterações.
“Acho que o resultado a que chegamos responde àquilo que a Fundação quer com o prémio: reconhecimento, alerta para a urgência climática, o papel que as cidades têm que ter nesta luta e apoiar os mais desfavorecidos atingidos pelos efeitos das alterações climáticas”, resumiu.
Numa mensagem áudio transmitida na cerimónia de apresentação do prémio, um dos presidentes da aliança, Michael Bloomberg, agradeceu a distinção e destacou o papel das autarquias locais no combate às alterações climáticas.
“As cidades são a chave para vencer a batalha contra as alterações climáticas. E apoiando-as e ajudando-as a trabalhar juntas, podemos fazer muito para acelerar o progresso global”, afirmou, sublinhando que a pandemia da covid-19 tornou esse trabalho ainda mais importante.
Sobre o papel das cidades, o vice-presidente do prémio Gulbenkian para a Humanidade, Miguel Bastos Araújo, apontou também o impacto que estas têm no agravamento e, por isso, no combate à crise climática.
“Quando fizemos esta escolha, tivemos em linha de conta o facto de 55% da população mundial viver em áreas urbanas. Apesar de ocuparem apenas 2% da superfície terrestre, as cidades representam 70% das emissões de gases com efeito de estufa e dois terços no consumo de energia”, explicou, defendendo que qualquer solução para a crise climática para por aí.
Questionado sobre a importância das políticas locais, comparativamente a políticas públicas implementadas pelos governos nacionais, Miguel Bastos Araújo acrescentou que “todos têm de tratar do assunto”.
O prémio será entregue no dia 09 de novembro durante a 26.ª Conferência das Partes (COP26) das Nações Unidas, que se realiza entre 31 de outubro e 12 de novembro em Glasgow, Escócia.
Segundo o vice-presidente do júri, a Fundação recebeu 113 nomeações para o prémio, das quais 40 reuniam, no entender do painel, condições de grande mérito. Desses, a escolha final resumiu-se a três projetos que reuniram o consenso dos membros do júri.
Na primeira edição, o prémio foi entregue à ativista sueca Greta Thunberg, que aplicou a verba no apoio de vários projetos escolhidos por si, incluindo iniciativas para apoiar o combate à covid-19 na Amazónia, vítimas de catástrofes naturais na Índia, Bangladesh e em países africanos, na transição energética em África.
Nesta edição, os projetos a apoiar foram previamente acordados entre a Fundação Calouste Gulbenkian e a aliança vencedora.
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