Em abril, a Global Media informou que ia entrar em processo de 'lay-off', abrangendo 538 trabalhadores, para defender a sua sustentabilidade e os "seus quase 700 postos de trabalho diretos".
Hoje, num comunicado interno a que a Lusa teve acesso, a administração da Global Media começa por dizer que "a evolução acentuadamente negativa do mercado dos media, agora mais evidente com a presente pandemia, precipitou os meios de comunicação social numa crise sem precedentes a que importa responder com fortes medidas de contenção".
Perante a "profunda quebra de receitas do setor, em particular na área da imprensa, impõe à Global Notícias, Media Group, SA uma opção difícil, mas inadiável: iniciar um processo de despedimento coletivo que abrange 81 colaboradores, 17 dos quais jornalistas, em diferentes áreas da empresa", lê-se no comunicado.
"Trata-se de uma decisão que, ponderando o respeito e a dignidade de todos os envolvidos, é assumida na plena consciência dos custos sociais que provoca, mas também na certeza de que as medidas que estamos a tomar permitem ao Global Media Group regressar a um nível económico e financeiro saudável, garantir a proteção de várias centenas de postos de trabalho e a continuidade dos inestimáveis serviços que os nossos meios de informação, alguns deles centenários, vêm prestando à comunidade, com qualidade e independência", justifica a Global Media.
A sustentabilidade "é condição essencial para assegurar o equilíbrio e o pluralismo no setor da economia que dá corpo ao princípio constitucional que enforma as liberdades de informação e expressão", mas atualmente é "impossível ignorar a profunda retração dos mercados de media, no quadro da crise global cujos efeitos diretos e indiretos já atingem todos os setores económicos", prossegue.
"Com este pano de fundo, temos vindo a desenvolver um conjunto de ações de contenção, a todos os níveis, que todavia se têm revelado insuficientes para permitir inverter os desequilíbrios existentes", afirma a administração, no comunicado enviado aos seus trabalhadores.
"É, pois, responsabilidade da administração assumir a urgência de respostas adequadas, tornando-se indispensável ir mais longe nos objetivos de restruturação, de modo a ultrapassar os obstáculos de mercado e de conjuntura", acrescenta, admitindo que além do despedimento coletivo, "outras [medidas] foram e serão tomadas".
"Cientes da acrescida responsabilidade social que lhes advém do facto de gerirem um grupo de media cujo objeto tem associado um conceito de serviço à coletividade, e que lhes impõe a ponderação de valores, princípios e os mais exigentes critérios éticos, a administração e os acionistas do Global Media Group garantem aos seus colaboradores, clientes, parceiros e aos portugueses, em geral, que tudo farão para garantir a sustentabilidade das suas empresas e a perenidade dos seus principais títulos", conclui.
Sindicato dos Jornalistas contesta despedimentos na Global Media
O SJ defende que “os despedimentos e a degradação das condições de trabalho não devem, nem podem, ser a única solução das administrações para resolver as dificuldades económicas”.
O sindicato manifesta “desde já, a sua solidariedade para com os trabalhadores atingidos por esta decisão e reafirma a sua determinação em defender os postos de trabalho e garantir a proteção dos direitos e interesses dos jornalistas”, lê-se na mesma nota.
“O SJ relembra que acompanha a situação das empresas que compõem o universo GMG (JN, DN, O Jogo e TSF e outras publicações) há anos e considera que o despedimento não pode ser a resposta para compensar perdas em vendas de jornais e publicidade ou investimentos falhados, no quadro de uma gestão irresponsável”, vincou o sindicato.
De acordo com a estrutura sindical, “as redações das várias publicações periódicas e da TSF já estão demasiado exauridas”, sendo que “um novo ‘emagrecimento’ forçado vai, necessariamente, implicar uma redução da informação produzida, com reflexos na qualidade dos conteúdos” alertou.
No comunicado, a SJ alerta que, “durante a fase de informações e negociações que se segue ao anúncio do despedimento coletivo, que tem de ser oficializado por carta pela administração da empresa, os jornalistas e outros trabalhadores abrangidos têm direito a comparecer ao trabalho e a exigir que lhes sejam atribuídas tarefas”, e mostra-se “ao dispor dos seus associados” aconselhando-os “a recorrerem ao apoio jurídico”.
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