“Estive hoje a desenvolver contactos informais para ver as possibilidades que temos para resolver o problema e perceber melhor o que está a acontecer. Existe uma categoria que está em greve e que pretende obter uma vantagem salarial apenas para essa categoria”, disse à Lusa José Mendes, acrescentando que o que estão a fazer “à revelia” dos acordos salariais assinados entre as partes e válidos até ao final deste ano.
Desde o dia 10 de maio que as ligações fluviais entre o Barreiro e Lisboa têm registado várias perturbações devido à falta de mestres, situação que se mantém no dia de hoje, com várias carreiras a serem suprimidas.
O cenário piorou com a paralisação parcial em dois dias que ocorreu no final da semana passada e com a greve às horas extraordinárias, que se iniciou no dia 23 de maio e se deve prolongar até ao final do ano.
Está já prevista uma nova paralisação parcial, de três horas por turno, entre 3 e 7 de junho, que deve afetar as horas de ponta da manhã e tarde.
O secretário de Estado referiu que a pretensão dos mestres coloca em causa o equilíbrio das diferentes categorias profissionais a bordo do navio, frisando que a greve “não corresponde a uma lógica coletiva que tem presidido a todas as negociações salariais na Soflusa”.
“Nós não achamos compreensível que possa acontecer, existe uma tradição na empresa da negociação ser efetuado com todas estruturas sindicais para manter um equilíbrio, mas isto fere esse equilíbrio e o acordo assinado”, alertou José Mendes.
O governante lembrou que têm sido tomadas medidas para resolver a falta de profissionais na empresa, acrescentando que sente por parte das diferentes estruturas sindicais da Soflusa “alguma incompreensão relativamente a este movimento”.
“Não existem problemas de navios na Soflusa e em termos de pessoal existem quatro mestres em baixa prolongada. Foi aberto um concurso com vários candidatos para mestres e vão ser contratados mais seis trabalhadores marítimos. Se os mestres voltarem ao trabalho suplementar, como o faziam até aqui, tudo será regularizado e serão aliviados num futuro próximo”, garantiu.
Sobre a reivindicação salarial, José Mendes defendeu que os mestres já têm um prémio de chefia e que querem esse prémio “fortemente valorizado”.
“Não temos aberta qualquer negociação salarial, porque assinamos todos um acordo válido até ao final deste ano. Quando falamos em aumento dos prémios de chefia, isso afeta o equilíbrio do quadro remuneratório de todas as categorias”, defendeu.
Segundo José Mendes, esta greve dos mestres está a causar problemas a milhares de pessoas e não deixam boa imagem do transporte fluvial.
“Devia prevalecer o interesse coletivo, os mestres deviam suspender esta greve e voltar à conversa connosco. Não contribui para a saúde da empresa e credibilidade do transporte fluvial”, defendeu, apelando a que participem na negociação salarial em relação ao ano que vem.
A Agência Lusa tentou contactar o Sindicato dos Fluviais mas até ao momento não foi possível.
Comentários