“Pela primeira vez na história do nosso país, elaborámos uma estratégia nacional de segurança. Antes, possuíamos um livro branco que se limitava ao tema da Defesa. Agora, queremos abranger todos os aspetos relacionados com a segurança”, anunciou o chanceler Olaf Scholz, rodeado por quatro dos seus ministros.
O desenvolvimento da estratégia nacional de segurança já estava incluída no acordo de coligação de Governo, que foi acordado antes da invasão militar da Ucrânia pela Rússia e antes das explosões registadas no gasoduto Nord Stream, como Scholz indicou.
“Digo isto para demonstrar como se alterou desde então o horizonte de segurança”, assinalou o chefe do Governo alemão.
A estratégia considera que a principal ameaça atual vem da Rússia, mas inclui o desafio sistémico que representa a China e a necessidade de evitar criar uma excessiva dependência de um único parceiro comercial na área dos produtos estratégicos.
O documento, de mais de 70 páginas, pretende constituir um ponto de partida para um trabalho que envolva todos os níveis da administração pública, desde o Governo federal até aos municípios, e toda a sociedade, e destaca que o sucesso desta estratégia implica que seja assente na Europa.
“Para o êxito da nossa estratégia existem três pilares fundamentais: a força das nossas instituições democráticas, a força da nossa economia e a coesão da sociedade”, assegurou o chanceler.
A ministra dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock, que coordenou a elaboração desta estratégia, considerou por sua vez que a segurança não se reduz à questão estritamente militar.
“A segurança é também saber que se conseguem medicamentos necessários nas farmácias, saber que ao conversar com amigos não se é espiado por chineses e que ao usar as redes sociais não se é manipulado por ‘bots’ russos”, disse Baerbock.
A chefe da diplomacia de Berlim e dirigente dos Verdes assinalou que muitos dos temas relacionados com a segurança não pareciam tão evidentes num passado recente, e numa referência à Defesa defendeu que deve ser disponibilizado 2% do PIB para essa área como pretende a NATO, além de garantir uma coordenação com os parceiros para uma complementaridade dos sistemas.
Na sua intervenção, o titular das Finanças, Christian Lindner, optou por destacar a necessidade de estabilidade financeira “como ferramenta de prevenção de crises” e a “concretização de uma estratégia que será tema das negociações dos orçamentos dos próximos anos”.
Em relação à China, o Governo de coligação alemão prepara uma estratégia específica, com Baerbock a referir “não ser tudo a preto e branco”.
“Apesar de termos posições distintas sobre democracia e direitos humanos, temos de trabalhar com a China no combate às alterações climáticas”, disse a ministra alemã.
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