Apontando que "talvez o maior fator de credibilidade externa do país tenha sido a estabilidade da solução da maioria parlamentar que se encontrou", Catarina Martins defendeu que "esta credibilidade, que esta estabilidade não pode ser posta em causa", alegando que "a credibilidade do país é esta estabilidade".
"E eu pergunto: como é que o mundo pode compreender que um primeiro-ministro ponha em causa a estabilidade e a credibilidade porque as eleições europeias lhe estão a correr mal?", questionou.
Considerando que os partidos ainda estão "bem a tempo de ser responsáveis", a líder do Bloco de Esquerda notou que "há escolhas que têm de ser feitas agora".
"O apelo que eu faço ao Partido Socialista é tão simples quanto sensato: mantenhamos o acordo, não temos de votar com a direita, mantenhamos o acordo, mantenhamos a forma de respeitar todos os trabalhadores de uma forma gradual, como já tínhamos decidido, como já tínhamos votado em conjunto" no Orçamento de Estado, desafiou Catarina Martins.
A coordenadora bloquista pediu também aos socialistas que "não se aliem à direita, que é oportunista, que quis sempre cortar salários a toda a gente, no público e no privado, e agora faz umas piruetas a fazer de conta que defende professores".
"Vamos fazer o que estava combinado. O Bloco de Esquerda não se desviou, esteve sempre a fazer o que estava combinado", salientou Catarina Martins num comício do BE, em Lisboa.
Alegando que os dois partidos têm tarefas pela frente, a líder advogou que "ninguém perceberia que, por causa de jogos partidários, se abandonasse as responsabilidades".
Catarina Martins fez estas declarações depois de a líder do CDS-PP ter anunciado que os centristas só votarão a favor, em votação final, do diploma dos professores se forem aceites as condições do partido, como sustentabilidade financeira e crescimento económico.
A posição foi expressa por Assunção Cristas num comunicado, dois dias depois de o primeiro-ministro, António Costa, ter ameaçado com a demissão do Governo após PCP, BE, PSD e CDS terem aprovado, no parlamento, o diploma para a contabilização total do tempo de serviço dos professores.
Na sua intervenção, que encerrou o comício que decorreu esta tarde no Capitólio, Catarina Martins apontou também que o país não deixa de ser o mesmo “que era há três dias”.
“Como podemos nós explicar a alguém neste país e no mundo que se faça um jogo de instabilidade, quando há tanto por fazer, para que as eleições legislativas sejam no fim de julho ou em agosto, em vez de serem a 06 de outubro, como já estão marcadas pelo Presidente da República?”, referiu.
Apontando que “nada disto tem sentido”, Catarina Martins salientou que esta situação “é nada mais nada menos do que uma ‘inventona’”, e recusou que o BE tenha participado me coligações negativas, uma vez que o partido “vota com a maioria parlamentar com que fez um acordo” e “não mudou de opinião”.
Já o PS, apontou Catarina, “aliou-se a PSD e CDS para chumbar no parlamento a proposta que é igual à que fizeram nos Açores, e eu a isto chamo irresponsabilidade”.
A coordenadora nacional do Bloco criticou também que tenham sido apontados vários números pelo Governo quanto ao impacto da contabilização total do tempo de serviço dos professores, vincando que, pelo contrário, o partido que dirige faz “propostas com contas certas”.
(Artigo atualizado às 17:54)
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