Terminado o prazo para apresentação de candidaturas hoje, às 18:00 locais (17:00 de Lisboa), uma boa parte dos “pesos pesados” do executivo quer um lugar na próxima Assembleia Nacional, a começar pelo primeiro-ministro cessante, Gabriel Attal.

Entre os candidatos, estão também o ministro do Interior, Gérald Darmanin, o dos Negócios Estrangeiros, Stéphane Séjourné, o da Agricultura, Marc Fesneau, o da Saúde, Frédéric Valletoux, e a do Turismo e Consumo, Olivia Grégoire.

Algumas figuras importantes não constam das listas, nomeadamente o responsável da pasta de Economia e Finanças, Bruno Le Maire, que é o ‘número dois’ do Governo desde que Macron venceu as presidenciais, em 2017.

Le Maire explicou que tinha há muito prometido que não seria deputado por mais de três legislaturas e que é “um homem de palavra”.

Também não participarão na próxima corrida eleitoral em França o ministro da Defesa, Sébastien Lecornu, o ministro da Justiça, Éric Dupond-Moretti, nem a ministra da Cultura, Rachida Dati, que até se juntar ao Governo de Macron, no final de janeiro deste ano, era uma figura de proa de Os Republicanos (LR, o partido tradicional da direita francesa).

Esta grande presença de membros do Governo nas listas eleitorais ilustra a vontade de usar a notoriedade pública para dar a volta às sondagens das eleições de 30 de junho e 07 de julho, que apresentam um cenário bastante adverso para o bloco centrista presidencial.

Estas preveem uma vitória do partido de extrema-direita União Nacional (RN, na sigla em francês), com mais de 30% dos votos na primeira volta, seguida da nova Frente Popular, que reúne os partidos de esquerda, com entre 25% e 28%, e, em terceiro lugar, o bloco de Macron, com menos de 20% dos votos.

A partir daí, a questão será ver como tal se traduzirá, na segunda volta, na distribuição dos 577 assentos parlamentares, que são eleitos em círculos uninominais.

O acordo de criação da Frente Popular definiu a distribuição dos candidatos entre as quatro formações que a compõem: A França Insubmissa (LFI, na sigla em francês), de Jean-Luc Mélenchon, ficou com 229; o Partido Socialista (PS) com 175, os Ecologistas com 92 e o Partido Comunista Francês (PCF) com 50.

Mélenchon não é candidato e, apesar de na quarta-feira passada ter dito estar disposto a ser primeiro-ministro se a esquerda ganhasse, hoje, perante o mal-estar gerado pela sua personalidade nos outros partidos da coligação e até num setor do seu próprio partido, garantiu que “nunca” será um problema, dando a entender que porá de lado as suas ambições.

Mas há líderes de outros partidos da Frente Popular, como Olivier Faure, do PS, Marine Tondelier, dos Ecologistas (embora como suplente) e Fabien Roussel, do PCF, que fazem parte das listas.

O ex-presidente da República François Hollande (que esteve no Eliseu entre 2012 e 2017) também foi incluído na lista do PS no seu antigo feudo eleitoral, Corrèze, apesar dos seus repetidos confrontos com Faure e das suas críticas no passado a qualquer aliança com o LFI.

Pressionado pelos seus parceiros da Frente Popular e mesmo por muitas vozes do LFI, o deputado cessante Adrien Quatennens, cuja presença era polémica, por ter sido condenado em 2022 a quatro meses de prisão preventiva por ter batido na mulher, desistiu da sua candidatura.

Quanto ao controverso acordo assinado esta semana entre o RN de Marine Le Pen e o presidente do LR, Éric Ciotti, sem o conhecimento e contra a vontade da maioria dos dirigentes deste último partido, é ainda muito cedo para avaliar plenamente o seu alcance.

Esse acordo prevê que o RN não apresentará candidatos em 70 círculos eleitorais, nos quais apelará para o voto num candidato escolhido pela fação do LR que apoiou Ciotti. Mas não parece que haja nesses círculos grandes nomes entre os candidatos propostos pelo LR.

Além disso, o setor do LR que condenou a aliança com a RN optou por apresentar candidaturas concorrentes às propostas por Ciotti, sendo que o próprio Ciotti terá um adversário do LR no seu círculo eleitoral, Nice.