“Tudo em 2021 terá que funcionar como um balão de oxigénio para o setor cultural em Portugal e na Europa”, afirmou a ministra Graça Fonseca aos jornalistas, à margem da apresentação da programação cultural da Presidência Portuguesa da União Europeia (PPUE), no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, quando questionada sobre se esta programação poderia ser vista como um balão de oxigénio para um dos setores mais afetados pela pandemia da covid-19.
Para a ministra da Cultura, será “muito importante” a dinâmica criada “ao longo deste primeiro semestre [de 2021], com a conferência, o teatro, o concerto inaugural, que vai acontecer nos equipamentos culturais em Portugal”
“É, evidentemente, muito importante, porque é uma forma de também mostrar, colocar mais presente na vida de cada um de nós, a importância que a cultura tem na nossa vida”, disse.
Por outro lado, a PPUE, que decorre no primeiro semestre de 2021, “é também um momento muito importante do ponto de vista político”.
“A discussão sobre a Europa resiliente, o novo ciclo financeiro, quer do orçamento plurianual, quer do instrumento de recuperação económica e resiliência, e a discussão sobre a resiliência no setor da Cultura e, particularmente, para os profissionais do setor, naturalmente é um muito importante balão de oxigénio para podermos começar este caminho da retoma e de resolver os problemas que o ano de 2020 deixou ainda mais a descoberto no setor cultural em Portugal e não só”, afirmou.
De acordo com a ministra da Cultura, a construção da programação cultural “foi atravessada, ao longo de toda a elaboração, das grandes prioridades, ou do que são as prioridades políticas da PPUE”.
“Aqui destaquei duas particularmente importantes: uma Europa mais resiliente e uma Europa social. E é por isso que decidimos que a prioridade política da Cultura durante este semestre seria a resiliência e a retoma económica dos setores culturais e criativos, com uma dimensão muito particular às condições de trabalho e a um modelo social europeu da proteção social”, referiu Graça Fonseca.
É pela mesma razão que “um dos elementos centrais da programação cultural é uma grande exposição em Bruxelas de mulheres artistas [portuguesas] de 1900 até à atualidade, com o enfoque na importância da igualdade de género e da coesão social também na área da Cultura”.
Por isso, Graça Fonseca considera que a programação cultural hoje apresentada é, “não só a oportunidade de uma montra de Cultura, mas também uma oportunidade muito importante de realçar o que devem ser os grandes objetivos que devem nortear, neste caso, a área da Cultura da PPUE”.
Tendo em conta que o mundo lida com a pandemia da covid-19, que desde março obrigou ao cancelamento e adiamento de iniciativas culturais em Portugal, e no mundo, a ministra da Cultura admitiu que estão ponderados “vários cenários” em relação à programação hoje apresentada”.
“Há um cenário em que conseguimos fazer toda a programação cultural, a começar no concerto inaugural e a terminar em junho com um conjunto de iniciativas de forma presencial, sem necessidade de alteração”, afirmou, revelando que está também prevista, “no caso de ser necessário”, a adaptação das iniciativas a ‘streaming’ ou transmissão através da televisão.
Neste momento, com a situação que se vive em Portugal, “e com a circunstância de os equipamentos culturais em Portugal nunca terem fechado nos últimos meses, desde que reabriram em junho”, Graça Fonseca está convicta que irá conseguir manter-se “a programação cultural como ela está prevista, que é ao vivo e com as pessoas na sala de espetáculos”.
A programação cultural da PPUE tem, de acordo com a ministra da Cultura, um orçamento global que “rondará 1,4 milhões de euros”.
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