Segundo Nuno Manjua, no turno de manhã, que termina às 16:00, a adesão à greve no hospital de Faro era de 60%, no de Portimão era 76% e no de Lagos 86%, o que afetou o funcionamento de vários serviços, desde a urgência ao internamento, que funciona com os serviços mínimos, mas também as consultas externas.
"O bloco operatório de Faro está a meio gás, algumas cirurgias não são feitas, em Portimão nenhuma é feita sem ser urgente e, tanto em Faro como em Portimão, não foram feitas nenhumas das cirurgias programadas", sublinhou o dirigente sindical, durante um balanço feito no hospital de Faro.
Segundo Nuno Manjua, existem ainda várias unidades dos centros de saúde da região com uma adesão superior a 50%, e, em alguns casos, de 100%, como nas unidades de São Brás de Alportel e Quarteira (concelho de Loulé).
"Os serviços de internamento, urgência, cuidados intensivos ou consultas externas nos vários hospitais da região são todos afetados, independentemente de a adesão nesse serviço específico ser 100% ou ser um pouco menos. Em todos os serviços há sempre alguma coisa que acaba por ficar afetada", afirmou.
Nuno Manjua estima que a região precise de mais 500 a 600 enfermeiros para colmatar a falta daqueles profissionais nos hospitais e centros de saúde da região, sobretudo na altura do verão, em que a população triplica.
"Nós temos vindo a alertar, ano após ano, ao longo de várias décadas, para uma carência crónica [de enfermeiros], somos a região do país com menor número de enfermeiros", sublinhou.
Nuno Manjua adiantou que a falta de recursos humanos tem adiado a concretização de alguns projetos, como é o caso da hospitalização domiciliária.
"Quando nós estamos a falar de uma carência crónica de entre 500 a 600 enfermeiros, ficamos logo a pensar no que fica por fazer e fica por fazer, por exemplo, o tempo para estar com os utentes, é sempre tudo muito a fugir", ilustrou.
Os enfermeiros iniciaram às 08:00 de hoje uma greve de dois dias pela “valorização e dignificação” destes profissionais e que ficou agendada apesar da marcação de um calendário de negociações com o Governo sobre as suas 15 reivindicações.
A greve, marcada SEP, começou no turno da manhã e termina às 24:00 de sexta-feira.
A 13 de março, o Ministério da Saúde assinou com os sindicatos dos enfermeiros um protocolo negocial para a revisão das carreiras de enfermagem.
Apesar desta assinatura, o SEP decidiu manter a paralisação, pois as negociações com vista à revisão das carreiras é apenas “um dos 15 pontos que levaram à marcação da greve”, disse então o dirigente deste sindicato José Carlos Martins.
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