“Começamos com uma greve, no primeiro dia, que atingiu os 75%, subiu ligeiramente no dia a seguir na zona Sul, e ontem [quarta-feira], no Centro, a greve já ultrapassou 80%. Hoje, os sinais que nos chegam em comparação com os dias anteriores são de uma adesão ainda mais forte”, disse o dirigente da FNE.
João Dias da Silva, que falava aos jornalistas, na Praça dos Leões, no Porto, no decorrer de uma ação de divulgação das razões do protesto dos professores, disse existirem vários agrupamentos de escolas encerrados por toda a região, apontando como exemplo o caso de Alfena, onde “todas as escolas encerraram”.
O responsável sublinhou que “os professores estão empenhados nesta greve, na demonstração da sua insatisfação e de que não desistem daquilo a que têm direito”, salientando que é “fundamental explicar às pessoas que não é verdade que os professores estão à procura de privilégios, que não é verdade que os professores estejam a pedir aquilo que a lei não determina”.
“Há uma ilegalidade da parte Governo ao não cumprir a lei relativamente à recuperação do tempo de serviço que esteve congelado. Aquilo que nós queremos é que seja aplicada aos professores a mesma legislação que foi estabelecida em relação aos outros trabalhadores da administração pública. Os professores também têm o direito a que todo o tempo que esteve congelado seja recuperado”, acrescentou.
O dirigente da FNE criticou a “inflexibilidade do Governo” que “mantém a mesma proposta desde 28 de fevereiro, o que fez com que o ano letivo tenha terminado em grande intranquilidade e que se esteja a começar um novo ano em total intranquilidade também”.
“Temos propostas concretas que têm a ver com aplicação desse tempo para feitos de aposentação ou com a aplicação desse tempo para superarmos aquilo que são constrangimentos de acesso aos 5.º e 7.º escalões”, sustentou.
A semana de protesto dos professores vai culminar com uma manifestação nacional na sexta-feira, Dia Mundial dos Professores, em Lisboa.
Questionado pela Lusa, João Dias da Silva disse que é esperada a participação de “milhares de pessoas” na manifestação, em Lisboa.
“Os autocarros que já temos alugados dão-nos já um sinal de uma manifestação muito forte, apesar de todos os apelos que podem existir para um fim de semana prolongado ou férias fora do tempo. Acreditamos que esses apelos não terão impacto na vontade dos professores, que amanhã darão um sinal muito claro do seu profundo descontentamento”, considerou.
Os professores terminam hoje a greve de quatro dias, convocada por dez organizações sindicais, que decorreu faseadamente, por regiões, com taxas de adesão a oscilarem entre os 75% e os 80%, segundo os sindicatos.
Os docentes exigem que nove anos, quatro meses e dois dias de trabalho sejam contabilizados na progressão de carreira, após um período de congelamento, e que sejam solucionadas questões relativas à aposentação, aos horários e à precariedade que atinge a profissão.
No primeiro dia de greve, os professores paralisaram nos distritos de Lisboa, Setúbal e Santarém, no segundo nos distritos de Portalegre, Évora, Beja e Faro, no terceiro dia nos distritos de Aveiro, Castelo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria e Viseu e hoje a greve está centrada nos distritos do Porto, Braga, Viana do Castelo, Vila Real e Bragança.
Comentários