Denominado Grupo VITA - Grupo de acompanhamento das situações de abuso sexual de crianças e adultos vulneráveis no contexto da Igreja Católica em Portugal -, este projeto será liderado pela psicóloga Rute Agulhas, que até agora integrava a Comissão Diocesana de Lisboa de Proteção de Menores, e a sua ação terá um horizonte temporal de três anos. A apresentação está marcada para as 14h30, no Hotel Mundial, em Lisboa.
“Será constituído por uma equipa de profissionais tecnicamente competentes e terá a missão de acolher, escutar, acompanhar e prevenir as situações de abuso sexual de crianças e adultos vulneráveis no contexto da Igreja em Portugal, dando atenção às vítimas e aos agressores”, esclareceu a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), na passada quinta-feira, quando anunciou a constituição do Grupo VITA.
Além de Rute Agulhas (especialista em Psicologia Clínica e da Saúde com especialidades avançadas em Psicoterapia e Psicologia da Justiça), o Grupo VITA será constituído por Alexandra Anciães (psicóloga, experiência de avaliação e intervenção com vítimas adultas), Joana Alexandre (psicóloga, docente universitária e investigadora na área da prevenção primária dos abusos sexuais), Jorge Neo Costa (assistente social, intervenção com crianças e jovens em perigo), Márcia Mota (psiquiatra, especialista em Sexologia Clínica e intervenção com vítimas e agressores sexuais) e Ricardo Barroso (psicólogo, docente universitário e especialista em intervenção com agressores sexuais).
Haverá ainda um grupo consultivo, com a participação do padre João Vergamota (especialista em Direito Canónico) e Helena Carvalho (docente universitária especialista em análise estatística). Será ainda integrado um advogado/jurista, especialista em crimes de natureza sexual, cujo nome não foi definido.
Segundo a CEP, prevê-se que este grupo promova a elaboração de um manual de prevenção para a Igreja Católica portuguesa e colabore com a Equipa de Coordenação Nacional das Comissões Diocesanas de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis, presidida pelo antigo procurador-geral da República, José Souto de Moura, “no acolhimento e acompanhamento das vítimas, bem como na formação preventiva dos agentes pastorais”.
A criação do Grupo VITA surge na sequência do trabalho da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica, liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, que, ao longo de quase um ano, validou 512 testemunhos de casos ocorridos entre 1950 e 2022, apontando, por extrapolação, para um número mínimo de 4.815 vítimas.
Como consequência, algumas dioceses decidiram afastar, de forma cautelar, do ministério alguns padres, enquanto decorrem os respetivos processos.
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