“Identificamos uma campanha de difamação no WhatsApp e dada a massa de mensagens sabíamos que havia dinheiro sujo. Hoje [o jornal] Folha de S.Paulo traz provas de que de facto houve a montagem de uma organização criminosa de empresários que via caixa 2 [dinheiro não declarado] promoveu esta campanha de difamação, tentando fraudar e acabar com a eleição na primeira volta”, disse Haddad, num encontro com jornalistas.
“Felizmente, por alguma razão, o plano não deu certo e a matéria [do jornal brasileiro] traz à luz os crimes cometidos nesta campanha contra a minha pessoa e a minha honra. Há vários crimes envolvidos, organização criminosas, caixa 2, calúnia, difamação e branqueamento de capitais. Isto tudo caracteriza corrupção”, acrescentou.
Em resposta, o candidato Jair Bolsonaro (extrema-direita) usou durante a tarde de hoje o Twitter para criticar as declarações de Haddad.
“Apoio voluntário é algo que o PT desconhece e não aceita. Sempre fizeram política comprando consciências. Um dos ex-filiados de seu partido de apoio, o PSOL [Partido Socialismo e Liberdade], tentou nos assassinar. Somos a ameaça aos maiores corruptos da história do Brasil. Juntos resgataremos nosso país!”, escreveu Bolsonaro.
Anteriormente, Fernando Haddad disse que o Partido dos Trabalhadores (PT), que representa, vai procurar a comissão da Organização dos Estados Americanos (OEA), que está no país para acompanhar processo eleitoral em 2018: “Vamos mobilizar a missão enviada ao Brasil pela OEA para fazer uma denúncia internacional das práticas criminosas que estão sendo cometidas contra a minha pessoa”.
“Vamos mobilizar toda a legislação em vigor, nós entendemos isto como a prática de um crime continuado. Portanto, hoje este crime está sendo cometido. Talvez venhamos a pedir a prisão em flagrante ou [prisões] preventivas para que tenhamos nos próximos dez dias alguma normalidade democrática depois da devastação que aconteceu na primeira volta [das eleições]”, completou.
Para dar exemplo dos supostos danos provocados pela alegada campanha difamatória, Haddad disse que ele próprio e os seus apoiantes encontraram centenas de milhares de mensagens falsas encaminhadas para os eleitores brasileiros uma semana antes da primeira volta das presidenciais que teriam o objetivo de orientar o voto na direção de Bolsonaro.
“Em qualquer lugar do mundo isto seria um escândalo de proporções avassaladoras, poderia ensejar até a imputação da candidatura com a chamada do terceiro colocado para disputar a segunda volta (…) Chegou a nós a informação de que ele de viva voz pediu o apoio via WhatsApp para empresários orientando que a doação fosse feita desta maneira ilegal”, acusou.
O candidato também disse que procurará justiça mesmo após o final das eleições presidenciais brasileiras.
“No que me diz respeito a luta pela dignidade extrapola o 28 de outubro, eu vou buscar reparação dos ataques que ele me fez via internet. Ele patrocinou com dinheiro sujo uma campanha de difamação”.
Haddad acrescentou que denunciará os empresários supostamente ligados a esta esquema de veiculação de informações falsas.
“Os empresários que se envolveram nisto vão ter que responder judicialmente. Nós já sabemos [a identidade] de vários que participaram. Vamos preservar agora os nomes, mas vamos pedir uma investigação junto a policia federal. Vamos dar o fio da meada à policia para investigar os jantares que ele [Bolsonaro supostamente] participou e todos que colocaram dinheiro sujo nesta campanha de difamação”, concluiu.
A denúncia do candidato do PT surgiu hoje depois o jornal Folha de S.Paulo ter divulgado uma reportagem na qual é afirmado que algumas empresas “estão comprando” pacotes de mensagens contrárias ao PT, com o patrocínio de apoiantes de Bolsonaro, para serem distribuídas em massa através do WhatsApp.
O jornal informou que descobriu um contrato de 12 milhões de reais (cerca de 2,8 milhões de euros) com uma empresa que distribuiu este tipo de mensagens e que entre as empresas envolvidas está também a rede comercial brasileira Havan, cujo dono já foi autuado pela Justiça por tentar obrigar os seus funcionários a votarem em Bolsonaro.
Se for comprovada, a prática é ilegal porque caracteriza doação de campanha feita por empresas, que está proibida pela legislação eleitoral brasileira.
A reportagem apontou ainda que as empresas envolvidas na suposta distribuição irregular de mensagens preparam uma grande operação para uma semana antes da segunda volta das eleições, que será realizada no dia 28 de outubro.
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