Em declarações aos jornalistas no parlamento, o presidente da IL, Rui Rocha, anunciou este requerimento a que o partido dará entrada na Comissão Parlamentar de Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.
“Não queremos tirar conclusões precipitadas relativamente a esta matéria, por isso é fundamental que estas pessoas venham à comissão. Algumas delas já cá estiveram há não muitos meses, mas apresentaram versões contraditórias entre si”, explicou Rui Rocha.
De acordo com o presidente liberal, “há factos que apontam para perdas financeiras na ordem dos 50 milhões de euros, que poderão ser bem superiores a essas, no projeto de internacionalização da Santa Casa da Misericórdia” e “há versões contraditórias nomeadamente entre a ex-ministra Ana Mendes Godinho e elementos responsáveis pela gestão da Santa Casa”.
“Nós pretendemos com esta vinda deste conjunto de pessoas à comissão competente se possa caminhar no esclarecimento daquilo que parece ser para já um péssimo negócio, mas onde existe também notícia de gestão e interferência política”, explicou.
Assim, da lista das sete pessoas ligadas à gestão da instituição que a IL quer ouvir fazem parte Ana Mendes Godinho, ex-ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Eurico Brilhante Dias, ex-secretário de Estado da Internacionalização, a provedora Ana Jorge e o ex-provedor Edmundo Martinho.
“Queremos ouvir Ana Vitória Azevedo, ex-vice-provedora, tendo-se demitido há poucos dias apontou precisamente para uma situação em que é uma questão não só de perdas financeiras, mas é também uma questão de gestão política”, acrescentou.
A lista de pessoas que a IL quer no parlamento fica completa com os ex-administradores Ricardo Gonçalves e Francisco Pessoa e Costa.
“Há aqui matéria muito preocupante e queremos aprofundar e esclarecer se é isto, que já por si é grave, ou se é até mais do que isto”, disse Rui Rocha.
O presidente da IL apontou “um conjunto de contradições mesmo na decisão de investimento deste projeto de internacionalização”
“Há quem diga que Ana Mendes Godinho teve conhecimento dos valores do investimento, há quem diga que não, há esta imputação de interferência política, há esta demissão desta ex-vice provedora dizendo que Ana Jorge deveria apresentar a sua demissão em função destes factos”, acrescentou.
A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa enviou para o Ministério Público e para o Tribunal de Contas o relatório sobre a auditoria externa feita à Santa Casa Global no Brasil, confirmou em fevereiro deste ano a instituição à Lusa.
A instituição referiu, no entanto, que a auditoria externa, da responsabilidade da BDO, “ainda não está totalmente concluída, devido a dificuldades na obtenção de documentação administrativa e financeira relativa a participadas” no Brasil.
No dia seguinte, o antigo provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa Edmundo Martinho acusou a atual administração da instituição de estar apostada em desacreditar e denegrir a anterior gestão, além de construir falsas narrativas sobre o projeto de internacionalização.
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