Metade dos óbitos ocorreu no distrito de Coimbra (13 das quais no concelho de Oliveira do Hospital e 12 nos municípios de Arganil, Pampilhosa da Serra, Penacova e Tábua) e 17 em Viseu (Carregal do Sal, Mortágua, Nelas, Oliveira de Frades, Santa Comba Dão e Tondela). Os restantes falecimentos registaram-se na autoestrada Aveiro-Vilar Formoso (A25), nas zonas de Sever do Vouga (Aveiro) e de Pinhel (Guarda), e no concelho de Seia (Guarda).
As chamas que três meses antes, em 17 de junho, deflagraram no município de Pedrógão Grande, no interior do distrito de Leiria, e que alastraram a concelhos vizinhos, já tinham feito 66 mortos e 253 feridos. Estes incêndios de Pedrógão Grande atingiram cerca de meio milhar de casas e quase 50 empresas, e devastaram 53 mil hectares de território, 20 mil hectares dos quais de floresta.
O Governo fixou, no final de 2017, em 70 mil euros o valor mínimo para a “privação de vida”, ao qual se somam os critérios “sofrimento da vítima antes da morte” e “danos próprios dos familiares mais próximos”, para as vítimas dos incêndios de junho em Pedrógão Grande e de 15 e 16 de outubro na região Centro.
Dos 36 municípios da região Centro atingidos pelas chamas, foram afetados de forma mais grave os de Castelo de Paiva e Vagos, no distrito de Aveiro; Oleiros e Sertã (Castelo Branco); Arganil, Figueira da Foz, Lousã, Mira, Oliveira do Hospital, Pampilhosa da Serra, Penacova, Tábua e Vila Nova de Poiares (Coimbra); Gouveia e Seia (Guarda); Alcobaça, Marinha Grande e Pombal (Leiria); e Carregal do Sal, Mortágua, Nelas, Oliveira de Frades, Santa Comba Dão, Tondela e Vouzela (Viseu).
Os incêndios de 15 e 16 de outubro de 2017, que tiveram nos patrimónios edificado e natural "uma dimensão muitíssimo superior” às dos fogos de Pedrógão Grande, destruíram total ou parcialmente 1.483 casas, disse, em dezembro daquele ano, o primeiro-ministro, António Costa.
Um ano depois, em outubro de 2018, estavam totalmente reconstruídas 288 habitações permanentes, de acordo com o Ministério do Planeamento e Infraestruturas.
Das 900 candidaturas aprovadas para apoios financeiros do Estado (através do Programa de Apoio à Reconstrução de Habitação Permanente), 486 casas continuavam em obras ou em fase final de licenciamento de empreitada. Os apoios aprovados ultrapassavam 60 milhões de euros.
O fogo também penalizou 516 empresas de 28 concelhos dos distritos de Aveiro, Castelo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria e Viseu, com prejuízos diretos (designadamente edificado, máquinas e stocks) da ordem dos 270 milhões de euros, representando perto de 4.500 postos de trabalho.
Os apoios estatais (Programa Repor) para a reposição da atividade das empresas afetadas – financiando 85% do prejuízo –, concedidos até outubro de 2018 ascendiam a cerca de 27,5 milhões de euros. As 329 candidaturas aprovadas permitiram manter, de acordo com a tutela, 3.058 postos de trabalho e criar outros 277.
Além de habitações e empresas, as centenas de incêndios que deflagraram na região Centro, em 15 de outubro – o pior dia de fogos de 2017, com 495 ignições em todo o país, segundo a Comissão Técnica Independente (CTI) – também causaram elevados prejuízos na agricultura e na agropecuária, a morte de milhares de animais e a destruição de extensas áreas de floresta.
Os incêndios de outubro atingiram mais de 220 mil hectares de território na região Centro, cerca de 190 mil hectares dos quais de floresta (quase 90% de pinheiro bravo e de eucalipto), de acordo com o relatório da CTI.
Nas manchas florestais afetadas, destaque designadamente para o Pinhal de Leiria, na Marinha Grande, que ficou reduzido a cerca de 20% da sua extensão (mais de 11 mil hectares), e áreas florestadas contíguas, a norte e a sul, para as matas nacionais de Quiaios (Figueira da Foz), onde arderam mais de três mil hectares (cerca de 50% da sua área), e da Margaraça (Arganil), classificada como Reserva Biogenética do Conselho da Europa, que perdeu cerca de 70% da flora, e ainda para o Parque Natural da Serra da Estrela, penalizado nos municípios de Gouveia, Oliveira do Hospital e Seia.
Os incêndios que deflagraram em 15 de outubro em Côja (no concelho de Arganil) e em Vilarinho (Lousã) são “os dois maiores de sempre em Portugal”, na sequência dos quais foram atingidos mais de 48.500 hectares e cerca de 45.500 hectares, de acordo com o relatório da CTI. As chamas que, no mesmo dia, tiveram início em Figueiredo (Sertã) alastraram a mais de 32 mil hectares e em Quiaios a cerca de 18.500 hectares, área idêntica à afetada pelo fogo de Pataias (Alcobaça). Em Seia, os incêndios que, também nesse dia, tiveram início em Sandomil e no Sabugueiro, afetaram mais de 20 mil hectares.
Serviços como os de abastecimento de energia e água, de comunicações e de transportes sofreram igualmente fortes danos, tal como o turismo, cujas consequências abrangem 59 municípios do Centro. As chamas destruíram total ou parcialmente 38 empreendimentos turísticos e provocaram, na ocasião, o cancelamento de 77% das reservas em unidades hoteleiras, de acordo com a Turismo do Centro.
Na agricultura, os danos ascenderam a “algumas dezenas de milhões de euros”. Em março de 2018, o Ministério da Agricultura indicava que já tinham sido pagos 60 milhões de euros a cerca de 25 mil agricultores da região Centro prejudicados pelos incêndios rurais de outubro de 2017.
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