“Foram instaladas mais de 1.000.000 de árvores na área reflorestada. Até ao final da época de plantação foram reflorestados 1.093 hectares do Pinhal do Rei”, informou fonte do ICNF, ao indicar que foram plantadas “mais de 20 espécies florestais, sendo das mais utilizadas o pinheiro bravo, o carvalho português e o sobreiro”.
Na restante área afetada pelo incêndio, “foi implementado um programa de monitorização da dinâmica de regeneração natural de pinheiro bravo, numa área de cerca de 4.480 hectares”.
Segundo o ICNF, “serão promovidas as intervenções adequadas para consolidação do repovoamento florestal dessas áreas através do aproveitamento assistido da regeneração natural”.
O ICNF explicou ainda que, desde o incêndio, “apenas decorreram dois ciclos vegetativos, sendo que é necessário um período de três a quatro ciclos para que seja possível identificar os locais onde será necessário reforçar a regeneração natural com plantação”.
Até ao momento, foi investido um montante superior a 1,1 milhões de euros neste processo. Mas “já foram lançados os concursos para operações adicionais de rearborização no montante de cerca de 2,5 milhões de euros”.
Quanto à madeira ardida da Mata Nacional de Leiria, foram já “alienados 132 lotes, constituídos por 1.233.659 árvores, com o volume global de 536.071m3, que renderam 13,6 milhões de euros” e representam uma área de 3.801 hectares, correspondentes a 84,8% da área da secção de produção com material lenhoso ardido com valor comercial (4.482 hectares)", indica o ICNF.
O ICNF confirmou que ainda há estradas na mata que se encontram encerradas “por razões de segurança, tendo em conta que decorrem operações de exploração florestal, envolvendo maquinaria pesada e o corte de árvores de grande porte”.
O plano para a recuperação da área ardida no Pinhal do Rei “está a ser cumprido e em consonância com as metas estabelecidas”, garantiu o ICNF.
Por outro lado, o engenheiro agrónomo Ricardo Vicente, que se demitiu em junho do Observatório do Pinhal do Rei - criado na sequência do incêndio de outubro de 2017, que devastou mais de 86% da Mata Nacional de Leiria -, por considerar que não havia desenvolvimentos, lamentou à Lusa que continue a não existir um plano de regeneração natural e de plantação para a Mata Nacional de Leiria.
“Não terei a informação toda em minha posse, mas não é conhecido um plano concreto, com datas estabelecidas, para a regeneração natural e para a plantação de espécies. Segundo o ICNF, cerca de um terço da Mata Nacional necessita de plantação e dois terços têm potencial para regeneração natural”, salientou Ricardo Vicente.
Segundo o especialista, já deveriam ter sido traçados quais os “talhões” a plantar, os “meios humanos e tecnológicos necessários” e um plano com a definição de quais as espécies escolhidas.
As áreas onde existem bancos de sementes “devem ser preparadas” para a regeneração natural decorrer da melhor forma e a plantação no restante terreno deve ter espécies que mantenha a “componente produtiva” da mata e “o ambiental”, o que é para si “o mais importante”.
“Houve quem falasse de espécies com resiliência para resistir ao incêndio, com faixas de segurança, mas não se sabe o que é necessário. São precisas espécies como as folhosas e autóctones, mas é preciso quantificar e definir a sua gestão”, disse Ricardo Vicente.
O agora eleito deputado à Assembleia da República por Leiria pelo Bloco de Esquerda, lembrou que o relatório do Programa de Recuperação das Matas Litorais elaborado por uma comissão científica “tem informação muito relevante”, mas não aponta um plano de reflorestação, “ao contrário do que alguns querem passar”.
Para Ricardo Vicente, também está a ser descurada a área que não ardeu. “Além das plantas invasoras, surgem os problemas fitossanitários de algumas árvores, com a probabilidade das pragas proliferarem. Há pessoal sem formação a fazer os cortes e temo que o façam de forma indiscriminada, cortando as espécies boas e más”.
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