À margem do seu depoimento no Tribunal de Leiria, na fase de instrução do processo sobre o incêndio de Pedrógão Grande, Domingos Xavier Viegas afirmou que ainda não se adequaram os meios no combate aos fogos e que “ainda há muita coisa a fazer” nessa matéria.
Relativamente ao prazo legal para a limpeza dos terrenos, que terminou no dia 15 de março, o investigador que lidera o Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais da Universidade de Coimbra disse compreender que deve haver “uma data para efeitos formais e de aplicação da lei”, mas defendeu que “tem que haver flexibilidade”.
“A natureza não conhece essas datas e pode chover até abril, maio e junho e, portanto, a limpeza tem de ser feita quando é necessária e possível. A limpeza que está agora a ser feita pode ter que vir a ser refeita se, entretanto, chover”, alertou.
No entanto, o professor considerou que o trabalho de limpeza, sobretudo em torno das casas e das vias de circulação, é fundamental”.
“É aí que as pessoas estão e circulam e, se o fogo aí chegar, a hipótese de sobrevivência e dos seus recursos, nomeadamente as suas casas, aumentam grandemente se esses espaços estiverem limpos”, acrescentou.
Domingos Xavier Viegas admitiu que as condições de seca e de falta de pluviosidade, como as que se estão a registar atualmente no nosso país, vão tornar-se cada vez mais frequentes.
“Tudo nos leva a crer que as mudanças climáticas apontam nesse sentido. Ou seja, que tenhamos cada vez temperaturas mais elevadas, temperaturas médias e máximas mais elevadas e mais frequentes. Por outro lado, também estamos a ter um défice de precipitação que está a trazer esta situação de seca, que nos últimos 20 anos, está associado aos piores incêndios que temos tido”, rematou.
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