O investigador da Universidade de Coimbra (UC) salientou que a Suécia, que está a enfrentar uma quantidade anormal de incêndios, tendo já pedido ajuda aos parceiros da União Europeia para os combater, tem vindo a preparar-se para o problema, "sobretudo desde o grande incêndio" que afetou esse país do norte da Europa, em 2015, em que morreu uma pessoa.
“É um indício das mudanças climáticas, que levam a uma imprevisibilidade maior das condições meteorológicas e a que ocorram fenómenos fora do comum”, declarou à agência Lusa.
Com as alterações climáticas e "valores extremos" de seca e pluviosidade, um pouco por todo o Mundo, os Estados têm de preparar-se para enfrentar as diferentes calamidades naturais, que "podem acontecer" onde e em épocas do ano a que as populações não estavam habituadas, defendeu Domingos Xavier Viegas.
O cientista e professor universitário falava na Lousã, distrito de Coimbra, à margem de uma cerimónia em que o Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais da UC, que o investigador lidera e que integra a Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial (ADAI), assinou um protocolo de colaboração com a GNR.
Com as alterações climáticas, registam-se “valores extremos da temperatura e da precipitação e fenómenos a ocorrerem fora dos períodos que eram esperados”, os quais podem acontecer “em qualquer altura do ano”.
No norte da Europa, os governos “levam as coisas muito a sério e já estão a preparar-se para isso”, segundo Domingos Xavier Viegas.
Na Suécia, após o incêndio de 2015, “reconheceram que não estavam preparados” e tomaram medidas, “mas já se vê que ainda não fizeram o trabalho todo”, afirmou o especialista em fogos florestais.
Na sessão, a Guarda Nacional Republicana fez-se representar pelo comandante operacional Rui Clero e outros militares da corporação.
Ao contrário dos países nórdicos, Portugal, onde os incêndios mataram mais de 100 pessoas em 2017, a situação tem-se mantido mais calma este ano.
Em Portugal, entre 01 de janeiro e 15 de julho, verificou-se o segundo nível mais baixo de área ardida da última década.
Já o número total de incêndios é o quarto mais baixo durante o mesmo período.
Segundo os dados oficiais, registaram-se nesse período 6.035 fogos que consumiram 5.327 hectares, quando em 2017 já tinham sido queimados 74.895.
Segundo responsáveis da União Europeia, está a assistir-se cada vez mais a anos atípicos no que respeita aos incêndios que tradicionalmente atingiam mais os países do sul, mas que agora estão a surgir em zonas e em períodos inesperados, como a Suécia.
“Este ano, correr muito bem é até perigoso”, pois pode ficar na sociedade “a sensação de que foi feito tudo” em termos de prevenção dos incêndios, disse o major-general Rui Clero, ao assinar o protocolo de cooperação nas instalações da ADAI, no aeródromo da Chã do Freixo, no concelho da Lousã.
Na sua intervenção, o comandante operacional da GNR realçou a necessidade de “combater o fogo, não pela força, mas pelo conhecimento e pela inteligência”, o que levou a instituição a formalizar com o Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais, através de um protocolo, uma colaboração iniciada há vários anos.
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