Por: Harry PEARL da agência France-Press (AFP)
Os trabalhadores humanitários alertaram para os riscos de crise sanitária, enquanto o balanço atualizado do desastre superou os 400 mortos.
"Muitas crianças estão doentes, têm febre, dores de cabeça e não há água [potável] suficiente", explicou Rizal Alimin, médico da ONG Aksi Cepat Tanggap, numa escola transformada em abrigo improvisado.
O tsunami atingiu no sábado à noite o litoral do Estreito de Sunda, que separa as ilhas de Sumatra e Java, e fez pelo menos 429 mortos, mais de 1.485 feridos e 154 desaparecidos, de acordo com o balanço mais recente da Agência Nacional de Gestão de Catástrofes.
Mais de 5.000 pessoas não têm onde ficar. E os especialistas alertaram para a possibilidade de novas ondas em consequência da atividade vulcânica.
A onda provocada pelo vulcão conhecido como o "filho" do lendário Krakatoa, o Anak Krakatoa, destruiu centenas de edifícios nas costas meridionais de Sumatra e no extremo oeste de Java. No entanto, muitos refugiados temem regressar às suas casas.
"Medo"
"Estou aqui há três dias", declarou Neng Sumarni, de 40 anos, que dorme ao lado dos três filhos e do marido no chão da escola, assim como outras 30 pessoas. "Tenho medo porque minha casa fica muito perto da praia", disse.
Abu Salim, voluntário da associação Tagana, explicou que os voluntários conseguem apenas estabilizar a situação.
"Hoje [terça-feira, dia 25], concentramo-nos na ajuda aos refugiados que estão nos centros; instalamos cozinhas, distribuímos equipas de logística e abrigos nos locais mais adequados", disse à AFP.
"[Mas] as pessoas continuam sem acesso à água potável. [Assim como] muitos refugiados foram para zonas elevadas e não conseguimos chegar até eles", revelou.
As equipas de emergência transportam ajuda principalmente nas estradas, auxiliadas por dois barcos do governo, que abastecem as ilhas próximas das costas de Sumatra.
Socorristas com escavadoras e outras máquinas tentam retirar os escombros. Algumas pessoas trabalham sem ferramentas.
Analistas afirmam que a catástrofe de sábado foi provocada por uma erupção moderada do Anak Krakatoa, que desencadeou uma avalanche submarina da parte do vulcão e consequentemente um deslocamento de grandes massas de água.
Antecedentes
Ao contrário dos tsunamis provocados por terramotos, que ativam os sistemas de alertas, as ondas "vulcânicas" dão pouco tempo para que as autoridades avisem a população.
A Indonésia, uma das áreas mais propensas a sofrer catástrofes no planeta, fica no Círculo de Fogo do Pacífico, onde se encontram placas teutónicas e que regista grande parte das erupções vulcânicas e terramotos do planeta.
Anak Krakatoa é uma pequena ilha vulcânica que surgiu no oceano meio século depois da erupção do vulcão Krakatoa em 1883, um dos 127 vulcões ativos da Indonésia.
Naquela altura, uma coluna de cinzas, pedras e fumaça foi expelida a mais de 20 km de altura, o que deixou a região no escuro e provocou um grande tsunami, com repercussões em todo o mundo. A catástrofe fez mais de 36.000 mortos.
A 26 de dezembro de 2004, um tsunami provocado por um terramoto no fundo do mar de 9,3 graus de magnitude, na costa de Sumatra, Indonésia, provocou a morte de 220.000 pessoas em vários países do Oceano Índico, 168.000 delas na Indonésia.
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