“É fundamental que os cidadãos estejam consciencializados para a importância do fim do transporte de animais vivos por via marítima, tal como fez já o Reino Unido”, disse à agência Lusa Inês de Sousa Real.

De acordo com a líder do Partido Pessoas-Animais-Natureza, que falava à Lusa durante uma ação de protesto, em Sines, no distrito de Setúbal, contra o transporte de animais vivos por via marítima, é preciso “vontade política” para abolir esta atividade nos portos nacionais.

“Vontade política porque se, economicamente, nem sequer é mais viável para os próprios produtores enviar os animais vivos, aquilo que pretendemos é que o Estado apoie na transição desta atividade, que se garanta o transporte em carcaça”, defendeu.

A iniciativa foi promovida pela PATAV — Plataforma Anti Transporte de Animais Vivos, em Sines, no âmbito do Dia Internacional de Consciencialização contra o Transporte de Animais Vivos.

Segundo Inês de Sousa Real, Portugal “é o segundo país no ‘ranking’ dos países exportadores para países terceiros de animais vivos” e, por isso, “urge fazer esta reconversão”.

“Tivemos já, de acordo com dados da DGAV [Direção-Geral de Alimentação e Veterinária], uma média anual de 58 barcos que são enviados, cada barco tem capacidade para 30 mil animais”, ou seja “mais de um milhão de animais que é enviado” para exportação.

Ainda de acordo com Sousa Real, “o PAN deu hoje entrada [na Assembleia da República] de uma iniciativa que volta a apelar ao fim do transporte de animais vivos e que crie uma moratória para que, daqui a um ano, entre em vigor em Portugal o fim desta atividade”.

“Por outro lado, que o Governo crie uma Linha de Apoio para ser possível o abate no local, na exploração ou nos matadouros mais próximos e a implementação de cadeias de transporte de frio ao invés de transportar os animais vivos”, acrescentou.

Para a líder do PAN “é urgente fazer esta reconversão no nosso país e no espaço na União Europeia e no espaço da União Europeia porque só assim podemos diminuir sofrimento absolutamente injustificável dos animais”.

À Lusa, Isabel Carmo, da PATAV disse ser urgente acabar com a exportação dos animais vivos, através dos Portos de Sines e de Setúbal, para países do Médio Oriente e Norte de África e aludiu para uma petição que a plataforma lançou, em fevereiro deste ano, para abolir esta atividade.

A petição quer que “a Assembleia da República legisle no sentido de abolir a exportação de animais vivos por via marítima de Portugal para países fora da União Europeia”.

“Estes embarques são pejados de irregularidades e até ilegalidades porque as pessoas que fazem o transporte dos animais não respeitam a legislação que está em vigor, que é comunitária e foi transposta para os Estados membros, com os animais a serem vítimas de violência”, afirmou.

Durante a ação, a ativista da PATAV lamentou ainda que o ministério do Ambiente tenha recusado um pedido de reunião para abordar estas questões, tendo a plataforma enviado, esta sexta-feira, “uma carta- protesto” a “alertar para esta situação” que consideram “vergonhosa”.