Um autocarro de passageiros ardeu integralmente em 11 de junho dentro do Túnel do Marão, inserido na Autoestrada 4 (A4), que liga Amarante a Vila Real, sem provocar feridos.
As conclusões do inquérito, ordenado pelo secretário de Estado da Proteção Civil, apontam algumas falhas, lacunas e descoordenação na intervenção e aconselha melhorias a nível da agilização dos meios e procedimentos de evacuação.
Um despacho conjunto, entre os ministérios da Administração Interna e das Infraestruturas, publicado na quinta-feira, recomenda a revisão com urgência e até 31 de março dos planos de Emergência Interna e de Intervenção, bem como a elaboração de um Plano de Prevenção e a posterior realização de um simulacro de incêndio.
Fonte da IP, responsável pela infraestrutura rodoviária, disse hoje à agência Lusa que “irá analisar as recomendações inscritas no relatório e trabalhar em conjunto com a diversas entidades, nomeadamente a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), no sentido de implementar as medidas determinadas no despacho conjunto”.
O relatório revela um “hiato temporal” de “36 minutos” entre o alerta inicial e o início do combate e aconselha uma revisão dos procedimentos para agilizar a chegada dos meios.
Refere ainda que é preciso “aperfeiçoar os procedimentos previstos em matéria de evacuação” e aponta situações caricatas como o número de telefone do contato da IP estar errado no Plano de Intervenção da infraestrutura rodoviária.
O incêndio ocorreu na galeria sul, sentido Amarante - Vila Real, quando a viatura já estava imobilizada e o condutor utilizou dois extintores portáteis para tentar apagar as chamas.
De acordo com o documento, o condutor e os 19 passageiros “agiram por conta própria” até atingirem a galeria de emergência P5, onde aguardaram.
A ocorrência foi detetada pelo sistema de deteção automática de incidentes (DAI), implementado no túnel, às 20:29 e o centro de controlo de tráfego, da IP, alertou o Centro Distrital de Operações de Socorro (CDOS) do Porto cinco minutos e quarenta e sete segundos depois.
O alerta ao CDOS já tinha chegado via 112 e o despacho de meios de socorro iniciou-se pelas 20:30.
O documento aponta que as equipas de primeira intervenção, denominadas unidade móvel de inspeção e apoio (UMIA), disponíveis para o túnel, “levaram muito tempo a chegar ao emboquilhamento (três minutos e oito segundos)” e “não fizeram o procedimento de primeira intervenção".
Ouvidas durante o inquérito, estas equipas declararam que não se aproximaram do veículo sinistrado nem realizaram este procedimento devido “à dimensão do incêndio e por questões de segurança”.
O documento conclui ainda pela necessidade de “aperfeiçoar os procedimentos previstos em matéria de evacuação, mormente em ordem a definir quem acompanha e coordena o grupo de utentes a evacuar (chefe de fila), quem segue em último lugar no grupo, bem como a prever a identificação de todos os utentes e verificar se foram todos evacuados para local seguro. Procedimentos que “não se verificaram nesta situação”.
Ter-se-á verificado ainda alguma “descoordenação”, já que quatro passageiros do autocarro foram recolhidos por uma utente, que falou via posto SOS com um operador, mas essa informação não foi transmitida aos operacionais presentes no teatro de operações.
O relatório refere os que a “ventilação ocorreu dentro da normalidade” quer na galeria sinistrada, quer na outra galeria, embora “houvesse bastante fumo no emboquilhamento da entrada norte, o qual impossibilitou a entrada dos bombeiros provenientes de Vila Real.
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