Além das relações instáveis com a Venezuela, que esta semana acusou Santos de ordenar um atentado contra o líder venezuelano, o novo Presidente terá de responder, ainda, à onda de homicídios de ativistas e ao crescimento das plantações de coca, que atingiram o nível mais alto de sempre.
Uma vez eleito, Duque prometeu trabalhar para “uma estratégia articulada, multilateral e diplomática na transição para as eleições livres na Venezuela”, país que partilha 2.200 quilómetros de fronteira com a Colômbia.
Iván Duque, membro do partido de direita do partido Centro Democrático, tem como principal objetivo construir um pacto com os vários setores da sociedade para impulsionar o desenvolvimento do país.
Durante a campanha, o próximo chefe de Estado colombiano prometeu que terá 50% do seu Governo composto por mulheres, as quais, disse, foram escolhidas pelas suas capacidades e não pela sua filiação política.
As negociações com as FARC
O advogado e ex-senador de 42 anos sucede a Juan Manuel Santos que, após dois mandatos, deixa o país no meio de uma tentativa de reconciliação com as ex-Forças Armadas e Revolucionárias da Colômbia (FARC), iniciado em 2016.
“A Colômbia não se pode resignar a sofrer uma guerra sem fim, como se fôssemos um país condenado à violência”, declarou na segunda-feira Juan Manuel Santos, no seu último discurso como chefe de Estado. Santos disse estar satisfeito com o “caminho percorrido em direção a uma Colômbia em paz, com maior equidade e melhor educação”. No entanto, o artífice do diálogo que levou ao histórico acordo de paz lamentou os sucessivos homicídios de líderes sociais no país, afetado, ainda, “por tantas formas de violência”.
“Nenhuma paz é perfeita, nem fácil de consolidar, muito menos no nosso país, afetado por tantas formas de violência. Os assassínios de líderes sociais são uma dor com a qual eu saio”, admitiu.
Para Santos, o país não se pode resignar a viver na guerra e tão pouco na pobreza. “Ainda temos uma maneira de erradicar completamente a pobreza, reduzir as diferenças inaceitáveis entre os mais ricos e os mais desfavorecidos, mas, nesse objetivo, orientei toda a capacidade do Governo”, concluiu.
Apesar dos avanços das negociações, o Exército de Libertação Nacional (ELN), o último grupo de guerrilha ativo do país, ainda não depositou as armas e aguarda as intenções do novo chefe de Estado em relação às negociações de paz. O governo de Juan Manuel Santos não conseguiu concluir um cessar-fogo junto do ELN.
Em outubro de 2016, o comité norueguês decidiu premiar o Presidente colombiano com o Nobel da Paz pelos seus “esforços para pôr fim aos mais de 50 anos de guerra civil no país”. O acordo veio pôr fim a mais de meio século de uma guerra que deixou mais de 220 mil mortos.
Há três meses, Santos anunciou que o país iria integrar a NATO como “parceiro global”, no final de maio, tornando-se no primeiro país da América Latina a fazer parte daquela organização.
No mesmo mês, os países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) também aprovaram a entrada da Colômbia, que se torna no 37.º membro da organização e termina assim um processo de adesão que começou há mais de sete anos.
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