“Há quem por aí ande à procura de replicar, segundo os próprios, uma suposta solução nacional para o plano local. Não sei se será por confusão ou por intenção de confundir”, observou Jerónimo de Sousa, acrescentando que “só quem desconhece a natureza e características do Poder Local democrático pode ter uma visão parlamentarista e governamentalizada do seu funcionamento”, numa alusão ao acordo de governo entre o PS, PCP e BE.
Jerónimo de Sousa que falava esta noite durante um comício realizado em Vila Franca de Xira, distrito de Lisboa, debruçou-se sobre o resultado das eleições autárquicas e assegurou que a CDU “não irá alimentar “arranjos artificiais nem coligações despropositadas e sem nexo”.
Nesta matéria, como em todas as outras, o PCP responde por si, com os seus critérios e princípios e não iremos boicotar ou obstaculizar o funcionamento das autarquias. Não nos verão a alimentar, acenando com arranjos artificiais ou mera ambição de poder, os argumentos dos que ambicionam concretizar essa alteração antidemocrática no Poder Local”, assegurou.
Na sua intervenção, o secretário geral do PCP acusou também a comunicação social de “procurar criar casos” entre o partido, o PS e o Bloco de Esquerda, referindo-se a um discurso realizado quinta-feira em Matosinhos durante o qual Jerónimo de Sousa afirmou que o partido foi alvo de “vários ataques anticomunistas” durante a campanha autárquica” e o seu papel político desvalorizado
“Denunciamos ontem [quinta-feira] e demos exemplos da sistemática deturpação da mensagem da CDU nesta campanha eleitoral. Tivemos a comprovação imediata dessa deturpação e falsificação com a cobertura dada ao comício que realizamos em Matosinhos. Conseguiram apagar da crítica feita ao conjunto dos partidos e ao seu posicionamento eleitoral o PSD e o CDS, para procurar concluir que o PCP só criticou o PS e o BE””, apontou.
Jerónimo de Sousa ressalvou que as críticas feitas foram para “todos os partidos que participaram na campanha eleitoral e não apenas para o PS e o BE.
No final da sua intervenção, Jerónimo de Sousa procurou mobilizar os militantes presentes, garantindo que o partido “não vira a cara à luta” e que “ainda existem muitos desafios pela frente”
“Os tempos que aí vêm terão de ser tempos de dar novos passos e avanços, para melhorar as condições de vida dos trabalhadores e do povo, e não ficar amarrados a constrangimentos que limitam ou impeçam esse rumo”, concluiu.
A CDU – que junta comunistas, ecologistas e independentes – obteve um dos piores resultados de sempre em eleições autárquicas baixando de 34 para 24 presidências de municípios. Almada (Setúbal) e Castro Verde (Beja) foram dois dos municípios que estavam sob a sua liderança desde 1976, ano em que se realizaram as primeiras eleições autárquicas em democracia, e que passaram para os socialistas.
Já o PS garantiu o melhor resultado desde 1976, conquistando, sozinho, 159 das 308 câmaras, incluindo a da capital, mas sem maioria absoluta.
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