O projeto “Floresta Serra do Açor” foi hoje apresentado, em Arganil, com a assinatura de um protocolo entre Câmara Municipal, grupo Jerónimo Martins e a Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC), que garante o apoio técnico e científico.
A iniciativa prevê a reflorestação de 2.500 hectares do território, maioritariamente em baldios, na Serra do Açor.
Pretende-se a aposta na plantação de espécies autóctones que desapareceram do concelho, como o castanheiro, carvalho, medronheiro ou sobreiro, afirmou à agência Lusa o presidente da Câmara de Arganil, Luís Paulo Costa, no final da sessão.
Num concelho que viu 88% da sua mancha florestal arder em 2017, a totalidade do território abrangido pelo projeto também foi afetada por esse grande incêndio, estando previamente ocupada, na sua maioria, por pinheiro, explicou.
A área a intervir, que abrange zonas como Cepos, Teixeira, Nogueira ou Vinhó, pertence ao “principal corredor de entrada de incêndios no concelho” e, desta forma, pretende-se criar uma espécie de barreira aos fogos, aclarou Luís Paulo Costa.
Para a aplicação do projeto, foi criada uma associação privada sem fins lucrativos, composta pelas dez associações de compartes envolvidas, contando com um Conselho Estratégico, onde têm assento a Jerónimo Martins, Câmara Municipal e ESAC.
Dos cinco milhões de euros investidos pelo grupo, 75% serão ativados nos primeiros anos e os diferentes parceiros estão a trabalhar para conseguir aproveitar já “a próxima época de plantações”, que se inicia normalmente em novembro.
As plantações deverão estar concentradas nos primeiros cinco anos do projeto, afirmou o autarca.
Cerca de 85% dos povoamentos serão mistos – pinheiro bravo e autóctones (castanheiros, medronheiros, carvalhos e sobreiros), por se considerar que o pinheiro bravo pode ser “importante nos primeiros anos de vida” das folhosas, sendo que, ao fim de 10 ou 15 anos, este será cortado, tendo como objetivo final uma área apenas ocupada por autóctones, vincou Luís Paulo Costa.
Segundo o presidente da Câmara de Arganil, o projeto prevê ser autossuficiente e quer gerar atividades indiretas.
A longo prazo, há também a intenção de explorar a produção de castanha e medronho.
“Há também uma aposta muito grande na componente da paisagem. Este projeto vai alterar a paisagem do nosso concelho e isso vai ter efeitos no turismo”, realçou.
Para Luís Paulo Costa, este projeto permitirá servir de exemplo, mostrando uma floresta resiliente aos incêndios, sustentável e que consiga conciliar a produção com a conservação, ao mesmo tempo que contribua para fixar pessoas no território.
De acordo com o presidente da Jerónimo Martins, Pedro Soares dos Santos, o grupo financia o projeto sem qualquer contrapartida, apenas a de contribuir para o “desenvolvimento do interior, a proteção do território contra fogos e o sequestro de carbono, num contexto de emergência climática global”.
“É um projeto de longo prazo, que vai levar muitos anos. É um projeto em que a gente acredita que, se for bem feito e bem estudado, pode ser uma mudança de paradigma de como olhar para a floresta e prevenir outros desastres”, vincou, em declarações aos jornalistas.
Para Pedro Soares dos Santos, “falta investir muito na floresta”, esperando que este seja um exemplo replicável por outros.
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