Em declarações à agência Lusa, o antigo vereador dos Espaços Verdes da Câmara Municipal de Lisboa assegurou que a autarquia, agora presidida por Carlos Moedas (PSD), tinha à sua disposição projetos para o palco-altar no Parque Tejo-Trancão a preços mais reduzidos do que os 5,3 milhões de euros (valor já com IVA) previstos para a construção da infraestrutura.
“A versão que nós tínhamos deixado do altar, as pessoas não gostaram. Estão no seu direito. Há uma segunda versão que foi feita pela SRU [Sociedade de Reabilitação Urbana] que não exigia mais fundações. E, de repente, aparece esta, que exige fundações. E, portanto, fiquei surpreendido porque a solução é muito mais cara”, apontou.
Nesse sentido, o coordenador da JMJ negou as declarações feitas esta manhã pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, que afirmou aos jornalistas ter “começado do zero” na preparação do evento, tendo dito ainda à SIC que desconhecia outros projetos.
“Quando dizem que não foi feito nada no passado, bom, foi feita a coisa mais importante que era lançar um concurso público para esta empreitada. Esta empreitada já previa a plataforma onde ia assentar o palco. Ou seja, a plataforma dos tais cinco mil metros quadrados para suportar o altar”, afirmou José Sá Fernandes, insistindo que existiam “estudos prévios para as coisas”, mas foi escolhida “outra solução”.
“Portanto, o problema está sempre na solução”, sublinhou.
José Sá Fernandes manifestou também dúvidas relativamente à viabilidade da reutilização futura do palco para outros eventos, uma vez que apenas “um quinto poderá ser aproveitado”.
“Eu acho que pode ser reutilizado, mas para aí um quinto. Tem que se retirar e redimensionar a pala. Isso tem um custo. Mas, ficar só lá em cima também fica muito alto. Depende do que se quer. Eu não sei, pois nada foi dito sobre essa matéria”, apontou.
Apesar destas críticas, o coordenador da JMJ ressalvou que cabe a cada uma das entidades envolvidas no processo (câmaras de Lisboa e de Loures, Governo e Igreja) “cumprir as tarefas que lhe estão destinadas”.
“O que eu quero é que isto corra tudo bem. E que a gente consiga articular as coisas. Eu sou coordenador da Jornada da parte do Estado e, portanto, as minhas tarefas são as que dizem respeito ao Estado. A Câmara Municipal [de Lisboa] faz as suas, a Câmara de Loures faz as suas tarefas e o coordenador do evento é a Igreja”, sintetizou.
Relativamente às empreitadas da responsabilidade do Governo que já foram ou serão lançadas, José Sá Fernandes destacou a aquisição de serviços para a elaboração do plano de mobilidade e transportes, uma empreitada para a colocação de ecrãs, luz e som e a instalação de casas de banho.
Estão, igualmente, previstas a adjudicação de contratos para o aluguer de tendas e para a fiscalização de obras.
O investimento no altar-palco para a JMJ, obra que “foi adjudicada por 4,24 milhões de euros (mais IVA)", somando-se ainda a esse valor "1,06 milhões de euros para as fundações indiretas da cobertura”, segundo a informação disponibilizada no Portal Base da Contratação Pública, tem motivado muitas críticas.
O Presidente da República afirmou hoje esperar que as cerimónias da Jornada Mundial da Juventude em Portugal respeitem o período atual e a "visão simples, pobre, não triunfalista" do papa Francisco.
"Ele próprio é o exemplo de uma forma de ser e de pensar que, mesmo que não estivéssemos em guerra e mesmo que não estivéssemos na situação social em que nos encontramos, convida à simplicidade", defendeu Marcelo Rebelo de Sousa.
Também hoje, o presidente da Câmara de Lisboa disse assumir “com muito gosto” os investimentos do município na Jornada Mundial da Juventude, reiterando o compromisso de “investir até 35 milhões de euros”, com a expectativa de “um retorno enorme”.
Na quarta-feira, em conferência de imprensa no Parque Tejo, o vice-presidente da Câmara de Lisboa, Filipe Anacoreta Correia, justificou o investimento no altar-palco da Jornada Mundial da Juventude com as necessidades do evento e as características do terreno, sublinhando que a estrutura poderá receber 2.000 pessoas e continuará depois a ser utilizada.
Nesse dia, à noite, a Fundação Jornada Mundial da Juventude defendeu que todas as infraestruturas para o evento “devem ter em mente a dimensão do encontro”, que deve acolher um milhão de peregrinos, e comprometeu-se a divulgar os custos do evento.
Também na quarta-feira, o Chega entregou um requerimento na Assembleia da República para ouvir o presidente da Câmara de Lisboa sobre os investimentos no âmbito da Jornada Mundial da Juventude, considerando que se levantam “questões legítimas”.
A Jornada Mundial da Juventude, considerada o maior acontecimento da Igreja Católica, vai realizar-se este ano em Lisboa, entre 01 e 06 de agosto, sendo esperadas cerca de 1,5 milhões de pessoas.
As principais cerimónias da jornada decorrem no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo, em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures.
As jornadas nasceram por iniciativa do Papa João Paulo II, após o sucesso do encontro promovido em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude.
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