Subdiretor do Museu Reina Sofía, de Madrid, Espanha, nos últimos sete anos, João Fernandes vai assumir funções a partir de 18 de agosto.
À Lusa, João Fernandes disse que o Brasil é "um país com formas extraordinárias de relação entre as culturas popular e erudita", uma dimensão particularmente importante neste momento da sociedade brasileira, "um país muito polarizado".
"É um lugar onde devo estar", afirmou João Fernandes, salientando que no Brasil é um desafio especial "tornar as coisas acessíveis a pessoas que muitas vezes não têm ideia do seu direito a conhecer a arte do tempo em que vivem".
O facto de pessoas diferentes "nunca pensarem nem sentirem a arte da mesma maneira" é um dos pontos de partida para o trabalho que João Fernandes vai assumir no instituto, cujos acervos e atividade destacou em áreas como a fotografia, o cinema ou a iconografia brasileira.
João Fernandes referiu que até assumir as novas funções vai ainda inaugurar no Museu Reina Sofía duas exposições antes de assumir funções no Instituto Moreira Salles, uma do poeta visual brasileiro Wlademir Dias-Pino, cuja obra vai ser exposta fora do Brasil pela primeira vez, e outra da espanhola Concha Jerez.
O novo diretor artístico da instituição com sedes em São Paulo e Poços de Caldas, no Estado de Minas Gerais, considera natural que o conhecimento artístico que tem de Portugal "terá as suas consequências" no trabalho que vai fazer, mas não vê o cargo estritamente como uma missão de diplomacia.
João Fernandes reconhece que há desconhecimento mútuo entre Portugal e Brasil no campo artístico, destacando que "a literatura brasileira é pouco conhecida em Portugal" e que "a arte portuguesa ainda tem muito para se dar a conhecer".
Salientando a qualidade das equipas do Moreira Salles, João Fernandes referiu ainda que no novo ciclo se procurará "levar ao mundo" a atividade e o acervo da instituição.
João Fernandes tomou posse como subdiretor do Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía em 2012, depois de nove anos como diretor do Museu de Serralves.
Antes de assumir o cargo de subdiretor do museu espanhol, João Fernandes já tinha colaborado em várias ocasiões com a instituição, tendo, em 2001, comissariado, juntamente com o diretor do museu, Manuel Borja-Villel, e com François Piron, a exposição “Locus Solus. Impresiones de Raymond Roussel”.
Nascido em 1964, em Bragança, João Fernandes licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, tendo, entre 1992 e 1996, organizado, como comissário independente, diversas exposições em Portugal, Espanha e França.
Também foi comissário das representações portuguesas na 1.ª Bienal de Arte de Joanesburgo, em 1995, na 24.ª Bienal de Arte de São Paulo, em 1998, e da 50.ª Bienal de Veneza, juntamente com Vicente Todolí (a quem sucedeu no cargo de diretor do Museu de Serralves).
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