A justiça argentina pronunciou cinco sentenças de prisão perpétua, e outras três, de 15 anos de prisão, pelo homicídio do jovem Fernando Báez Sosa, de 18 anos, que foi espancado até à morte, em 2020, ao sair de uma discoteca, em Villa Gessel, cidade costeira que fica a 370 quilómetros a sul de Buenos Aires.
Naquela noite, oito jogadores de râguebi, que estavam a divertir-se na cidade junto à costa atlântica muito procurada pelos jovens argentinos, foram expulsos da discoteca depois de discutirem com Fernando Sosa no interior.
Cá fora, os réus isolaram a vítima e agrediram-na com socos e pontapés. Os ferimentos provocados levaram o jovem à morte por múltiplas lesões.
No julgamento, o ministério público pediu prisão perpétua para todos os réus ao invocar que houve premeditação e "vontade para matar". A defesa dos réus pediu que as acusações fossem "reconsideradas como morte resultante de uma briga sem intenção de matar", sustentando que "a premeditação nunca foi provada".
O veredicto, deste caso que chocou o país, foi lido num tribunal da cidade de Dolores, (220 a sul de Buenos Aires) na presença dos pais da vítima e dos oito jogadores de râguebi, com idades compreendidas entre os 18 e os 21 anos e que foram condenados por homicídio duplamente qualificado, nesta segunda-feira. O julgamento teve início a 2 de janeiro.
O crime "gerou uma onda de protesto" e apoio à família do jovem Fernando que nasceu e cresceu na Argentina, embora os país sejam paraguaios. Em janeiro de 2020, em plena crise económica, a sociedade argentina não falava de outra coisa senão de "justiça para Fernando", escreve o El País.
Intensos debates foram lançados na televisão, sobre temas como o alcoolismo na juventude, "a construção da masculinidade, a xenofobia e o racismo" no país onde o râguebi é amador e praticado pela classe média-alta, escreve o jornal Gazeta Esportiva.
Os jovens pertenciam ao Clube Náutico Arsenal de Zárate que na altura emitiu um comunicado a condenar o sucedido. A nota dizia que "a violência não está entre os valores que [o clube] promove", cita o El País.
(notícia atualizada e corrigida às 22h21. A discoteca é na cidade de Villa Gessel e não Dolores como indicado no destaque.)
*com AFP
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