“Albuquerque continua a esconder o resto das faturas e outros comprovativos de pagamento relativamente à comitiva da viagem à Venezuela, assim como de todos os bilhetes, incluindo de Caracas e de Espanha”, disse Élvio Sousa, citado num comunicado distribuído pela candidatura no nono dia campanha eleitoral para as legislativas regionais de domingo.

A viagem realizada em outubro do ano passado pelo presidente do executivo PSD/CDS-PP, o também candidato Miguel Albuquerque, foi o tema destacado hoje na campanha pelo JPP, com a referência de que o social-democrata “gastou do contribuinte mais de 120 mil euros” em nove dias.

Élvio Sousa considerou que os madeirenses deveriam poder ver como a verba foi aplicada, mas, sublinhou, “não existe qualquer fatura de despesa de Albuquerque e da esposa, nem mesmo os cartões de embarque que os trouxeram de volta a Portugal”.

“Isto tem de ser clarificado”, declarou o arqueólogo de profissão e deputado regional, tal como na anterior legislatura.

O candidato referiu que a viagem foi organizada não pelo Governo Regional, mas pela Rameventos, do universo empresarial do Diário de Notícias da Madeira, que, por sua vez, pertence ao Grupo Sousa.

Este grupo, entre outros negócios, explora a linha marítima Madeira-Porto Santo e é com frequência referido pela oposição em declarações sobre alegados favorecimentos pelo poder público.

Em fevereiro, na assembleia do arquipélago, a propósito de declarações do ex-deputado Sérgio Marques sobre favorecimentos, o presidente da administração, Luís Miguel de Sousa, disse que nunca pressionou qualquer elemento do executivo.

O JPP destacou também, sobre a ida de Albuquerque à Venezuela – onde existe uma grande comunidade madeirense -, a “situação absolutamente suspeita de haver irregularidades porque os bilhetes da viagem foram emitidos nove dias antes do concurso” (consulta prévia feita a três entidades).

“Além de se verificar que foi uma forma de pagar com verbas públicas para ter notícias positivas”, complementou.

Na opinião de Élvio Sousa, “fica mais claro que Albuquerque anda a esconder mais qualquer coisa”, já que o prazo para entrega da documentação solicitada pelo JPP terminou em 11 de setembro.

Em fevereiro, o deputado regional tinha revelado que o Tribunal Administrativo e Fiscal do Funchal havia intimado o presidente do Governo Regional da Madeira a facultar ao partido as fotocópias dos documentos relativos à viagem.

“E não nos resta outra hipótese do que recorrer novamente para o tribunal para obter os documentos e revelar a verdade aos madeirenses”, anunciou hoje.

O candidato sustentou que “gastar 12 mil euros ao dia e outros quase 9.000 para contratar o advogado Guilherme Silva [para este processo] são razões para escrutinar até ao tutano esta situação”.

O JPP concorreu pela primeira vez a legislativas regionais em 2015, nas quais elegeu cinco deputados e foi considerado a surpresa do sufrágio. Em 2019, perdeu dois deputados e ficou representado por três eleitos.

Às legislativas da Madeira de domingo concorrem 13 candidaturas, que disputam os 47 lugares no parlamento regional, num círculo eleitoral único: PTP, JPP, BE, PS, Chega, RIR, MPT, ADN, PSD/CDS-PP (coligação Somos Madeira), PAN, Livre, CDU (PCP/PEV) e IL.

Nas anteriores regionais, em 2019, os sociais-democratas elegeram 21 deputados, perdendo pela primeira vez a maioria absoluta que detinham desde 1976, e formaram um governo de coligação com o CDS-PP (três deputados). Na oposição ficaram, além do JPP, o PS (19) e a CDU (um).