“O que deve interessar ao Congresso do CDS não é saber com que partido nos devemos colar, nem que manto ideológico devemos vestir para nos confundirmos com a esquerda relativista e ‘mainstream’. É saber que respostas devemos apresentar aos portugueses e quebrar, de uma vez por todos, o bipartidarismo que está instalado em Portugal e não serve o interesse dos jovens”, afirmou Francisco Rodrigues dos Santos, numa das intervenções mais aplaudidas do 27.º Congresso do CDS-PP, que decorre até domingo, em Lamego.
O líder da JP defendeu que o lugar do CDS-PP é “a casa grande da direita” e considerou que “ideologia e pragmatismo não são um casal divorciado, mas irmãos siameses”
“Política sem ideologia é como professar uma religião sem ter fé, política sem pragmatismo é como ver o mundo de olhos fechados”, afirmou, manifestando-se contra os “adeptos da equidistância, dos que querem vender a alma ao diabo”.
Francisco Rodrigues dos Santos retomou uma das ideias da sua moção, “Da JP para o país”, e na qual pede que esta estrutura volte e eleger deputados à Assembleia da República.
“Não queremos parecer pedintes, só se pede aquilo que por mérito próprio e direito legítimo as pessoas podem aspirar”, disse, considerando que a presença de antigos líderes da JP no parlamento, como João Almeida ou Pedro Mota Soares, provou a importância desta estrutura “no grande palco da democracia portuguesa”.
Antes do líder da JP, coube a Miguel Mattos Chaves falar a seguir à apresentação da moção da presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, altura em que muitos congressistas aproveitaram para sair e ir almoçar, uma vez que o Congresso dos democratas-cristãos não tem pausas.
Apesar de tudo, Mattos Chaves - que já disse que levará a moção “Um serviço a Portugal” a votos - ainda conseguiu recolher aplausos da sala por ter elogiado Assunção Cristas por ser uma presidente do CDS-PP que “finalmente” tem ambição de liderar o centro-direita.
“Muitos parabéns, Assunção, pela ambição demonstrada”, aplaudiu.
Salientando que o facto de ter uma moção com ideias “não significa estar contra”, Mattos Chaves deixou algumas sugestões de propostas à líder do partido: formar um ‘governo-sombra’ e propor medidas fiscais que discriminem positivamente o interior.
Pedro Borges de Lemos, autor da moção “Futuro no Presente”, que também poderá ir a votos, foi mais crítico para Assunção Cristas e, dirigindo-se diretamente à líder do partido, disse não conseguir perceber onde quer posicionar o partido.
“Vossa excelência refere que quer uma maioria de 116 deputados: isso aponta para uma indistinção entre votar no CDS ou no PSD, era importante que o CDS se recentrasse, criasse vocação de Governo e, mais tarde, verificasse se existissem condições de coligação com o PSD”, defendeu.
Borges de Lemos referiu ainda que gostaria de ter ouvido de Assunção Cristas “um discurso mais virado para o futuro”, defendeu o regresso das eleições diretas, a exclusividade dos políticos e pediu mais atenção ao partido.
“Senhora presidente, é muito importante ouvir Portugal, mas, mais importante que ouvir Portugal, é ouvir militantes”, afirmou, numa referência a uma iniciativa lançada por Assunção Cristas e que se destina a abrir o partido a independentes.
O vereador do CDS-PP na Câmara Municipal de Lisboa João Gonçalves Pereira e autor da moção global “Compromisso de Gerações” elogiou a estratégia definida por Assunção Cristas no Congresso de há dois anos.
“Estava certa, a Assunção Cristas chega ao Congresso com missão cumprida”, disse.
João Gonçalves Pereira fez questão de desvalorizar uma suposta dicotomia entre o pragmatismo e a tradicional ideologia democrata-cristã.
“A Assunção Cristas, o Nuno Melo, o Telmo Correia, o Filipe Lobo d’Ávila, não são verdadeiros democratas-cristãos? Alguma dúvida com isto? Não devíamos estar a perder tempo com isto”, defendeu, numa posição partilhada por Fernando Moura e Silva, que apresentou a moção da Federação dos Trabalhadores Democratas-Cristãos.
“O importante é fazer do CDS o pivô da política portuguesa, um partido para todos os que se reveem nos seus valores”, acrescentou Moura e Silva.
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