O diamante Koh-i-Noor, que tem cerca de 105 quilates, foi extraído numa mina da Índia há centenas de anos durante a dinastia de Kakatiyan, nos séculos XII e XIV.
Um símbolo de conquista, o Koh-i-Noor teve muitos proprietários anteriores ao longo dos anos, antes de chegar ao Reino Unido em 1855, incluindo imperadores mogóis, xás do Irão, emires do Afeganistão e marajás.
Esta pedra preciosa, cujo nome significa 'Montanha de Luz', está agora a ser reivindicada pelos indianos, que se manifestaram a favor do regresso do diamante à Índia após a morte de Isabel II. E isto pode vir a ser um problema para a família real britânica e suas relações diplomáticas com a Índia.
Carlos III e a Rainha Consorte, Camilla, serão coroados na Abadia de Westminster a 6 de maio de 2023, numa cerimónia religiosa conduzida pelo Arcebispo de Canterbury, Justin Welby, líder da Igreja Anglicana — e a Índia está atenta ao que vai acontecer.
Embora Carlos III tenha herdado as joias de Isabel II, não será esta a coroa que vai receber na cerimónia de coroação. De acordo com a tradição estabelecida, o monarca britânico será coroado com a chamada Coroa de São Eduardo, considerada a mais importante e sagrada pelos britânicos — e usada apenas para esta cerimónia. Contudo, Camilla poderá ser coroada com esta peça, embora num ato mais simples, não havendo ainda confirmação oficial deste pormenor.
"A coroação de Camilla e o uso da joia da coroa Koh-i-Noor trazem lembranças dolorosas do passado colonial", disse um porta-voz do partido do primeiro-ministro indiano Narendra Modi à imprensa britânica, citado também pelo El País.
Apesar de o Palácio de Buckingham ter assegurado em comunicado que o evento vai combinar "tradição e modernidade", o anúncio foi motivo suficiente para a Índia sugerir que o uso da jóia Koh-i-Noor na cerimónia poderia "transportar" alguns indianos para "os dias do Império Britânico".
Instalada a polémica, pensa-se contudo que a família real vá adaptar a cerimónia aos tempos, tendo em consideração possíveis conflitos diplomáticos.
Além do mais, a lenda associada ao diamante deverá também servir como mote a que não seja usado na coroa de Carlos III. Segundo um texto hindu do século XIV, a pedra preciosa é fonte de maldição para os homens que a possuírem, pelo que "só Deus ou uma mulher pode usá-la impunemente".
De recordar que esta não é a primeira vez que a Índia reivindica a peça. Em 2010, o então primeiro-ministro britânico, David Cameron, abordou o assunto em entrevista à televisão indiana com algumas declarações polémicas: "Se concordássemos com todos os pedidos, o Museu Britânico estaria vazio".
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