“O que faremos é olhar para quem esteja em condições de formar Governo e ver de que forma se aproximam das causas que representamos. Temos um caderno de encargos muito claro, que precisamos de garantir na próxima legislatura", disse Sousa Real no Porto, apontando os casos do cabaz alimentar com IVA zero, a revisão dos escalões do IRS ou as creches grátis para todas as famílias elegíveis.
A dirigente do PAN deu também o exemplo das questões da descarbonização da economia e ambiente, lembrando que ficaram "de fora do debate de Pedro Nuno Santos e Luis Montenegro” nas televisões na segunda-feira.
Inês Sousa Real considerou necessário fazer essa avaliação, não querendo, para já, estar a comprometer o partido com “uma realidade que não se conhece a este tempo”.
“Já deixámos claro que há linhas vermelhas, quer do ponto de vista ideológico, porque não queremos retrocessos em matérias de igualdade de género, porque os direitos das mulheres levaram muito tempo a conquistar, também não queremos retrocessos em matéria de igualdade, por exemplo, para as pessoas LGBTI ou em matéria de não descriminação ou de combate aos fenómenos de ódio”, sustentou.
Segundo Inês Sousa Real, “são direitos que em sociedade não podemos dar como adquiridos”.
“Quando vemos forças populistas a crescer e ascenderem ao poder ou até mesmo na AD, Luís Montenegro dar a mão quer a Nuno Melo quer a Gonçalo da Câmara Pereira, nós sabemos que há aqui responsabilidade dos partidos do espetro democrático de garantirem a estabilidade governativa e de garantirem que estes direitos não são postos em causa, e para não termos também uma crise social a par da crise socioeconómica que o país atravessa”, salientou.
O PAN quer ser “uma solução do ponto de vista das causas que representa na Assembleia da República”, frisou.
A dirigente do PAN falava no Centro Juvenil de Campanhã, no Porto, onde hoje se deslocou para alertar para as lacunas que existem no país do ponto de vista do apoio à saúde dos jovens, seja na saúde em termos gerais, seja, em particular, no caso da saúde mental.
Subsídio vitalício para órfãos vítimas de violência doméstica
A líder do PAN defendeu hoje, no Porto, mais políticas para colmatar lacunas no que se refere à saúde física e mental dos jovens e “uma pensão ao longo da vida para os órfãos vítimas de violência doméstica”.
Inês Sousa Real falava no Centro Juvenil de Campanhã, que acolhe 40 jovens, dos 13 aos 25 anos, e garante que “estes jovens que estão numa situação de maior vulnerabilidade possam ter apoios, quer ao nível educativo quer ao nível do desenvolvimento psicossocial e por outro lado garantir a sua integração no mercado de trabalho quando atingem os 25 anos”, disse.
As lacunas na saúde “são, infelizmente, transversais aos jovens do nosso país”, considerou.
“Ainda ontem [terça-feira] estivemos com a Associação Académica de Coimbra onde pudemos ouvir a dificuldade que é para um jovem deslocado da sua zona de residência ter acesso aos cuidados de saúde primários, precisamos, por isso, de mais políticas”, nesta área, referiu Inês Sousa Real.
O PAN “quer reivindicar para a próxima legislatura mais apoio à saúde e à saúde mental” e garantir “um maior financiamento para esta instituição [Centro Juvenil de Campanhã], que para todas estas 40 crianças e jovens tem apenas um psicólogo afeto, que não pode, sequer, dar consultas de psicologia”.
“Precisamos de mudar o paradigma, garantir mais políticas, porque Portugal tem neste momento um rácio muito elevado, nós somos o país da Europa que tem mais incidências do ponto de vista da depressão e também dos antidepressivos que os jovens tomam. Temos de quebrar este paradigma e garantir mais políticas de prevenção ao nível da saúde mental e garantir que os jovens e crianças em situação de maior vulnerabilidade têm apoios sociais”, considerou.
Citou, como exemplo, “o caso dos órfãos vítimas de violência doméstica em que o PAN quer garantir que eles tenham uma pensão ao longo da vida que lhes permita sair da pobreza que até aqui não tem acontecido”.
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