“O PAN não quer que as empresas fiquem postas em causa. O que queremos é que haja uma transformação da nossa economia para uma economia verde e que respeite a vida animal e, para isso, o Estado também deve intervir”, afirmou.
Inês Sousa Real, que tinha a seu lado o deputado PAN Nelson Silva, falava aos jornalistas após conversar com um ativista da Plataforma Anti Transporte de Animais Vivos (PATAV), junto à entrada do Porto de Sines, no distrito de Setúbal.
O ativista da PATAV, que pediu para não se identificado para se proteger de alegadas ameaças, indicou que, naquele momento, estava a ser carregado o navio Gulf Livestock com ovinos e bovinos e que na maioria das vezes o destino é Israel.
“A grande maioria contém ilegalidades” e, durante a viagem, há animais “moribundos e feridos com cornos partidos e patas partidas” e alguns cadáveres chegam “a dar à costa com brincos” da Direção-Geral da Alimentação e Veterinária, descreveu.
Segundo o responsável da PATAV, o transporte de animais vivos por via marítima em Portugal registou um “aumento exponencial”, passando de nove mil, em 2016, para 400 mil, no ano passado.
Nas declarações aos jornalistas, a líder do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) propôs a abolição deste tipo de transporte de animais e a atribuição de apoios para as empresas do setor para que possam reconverter as atividades.
Tem de haver “esta transição do ponto de vista climático, mas também para áreas que hoje são uma aposta em outros países”, nomeadamente “a produção vegetal em detrimento da produção animal”, sublinhou.
Sousa Real apontou as verbas de fundos da União Europeia que Portugal vai receber nos próximos anos, que totalizam “55 mil milhões de euros”, para “ajudar a transformar” a atual sociedade.
“Temos uma indústria que está assente em princípios que não só violam o bem-estar animal, mas também tem uma pegada e uma componente ambiental muito significativa”, referiu, frisando que a economia “não pode ter como alavanca o sofrimentos dos animais”.
Num dia dedicado ao distrito de Setúbal, a líder do PAN foi questionada pelos jornalistas sobre o objetivo de recuperar nestas eleições o eleito por este círculo, após a rutura com a deputada Cristina Rodrigues, eleita em 2019.
“Estamos convictos de que vamos recuperar o nosso lugar”, afirmou, garantindo que o PAN, apesar da saída de Cristina Rodrigues, “não deixou de estar comprometido com as suas causas e de dar atenção ao distrito”.
Sousa Real defendeu que o mandato deveria “ter sido entregue ao PAN”, vincando que o que aconteceu foi “um desrespeito para com os eleitores e um defraudar de expetativas”, pois “quem foi eleito foi o partido e não a pessoa a nível individual”.
“Se o nosso compromisso é com as causas que formam o nosso ideário, devia ter sido dada a possibilidade de o PAN prosseguir a sua missão e representar o distrito de Setúbal na Assembleia da República”, disse
“As pessoas perceberam que houve quem optasse por seguir uma agenda pessoal, distante do diálogo interno e de coletivo”, acrescentou.
Comentários