O anúncio foi feito durante a reunião pública do executivo liderado por Fernando Medina (PS), que decorreu na quarta-feira nos Paços do Concelho.
O BE e o PS assinaram um acordo de governação da cidade após as últimas eleições autárquicas, que atribuiu ao Bloco as pastas da Educação e Direitos Sociais, mas os dois partidos divergem neste assunto.
Em julho, o vice-presidente da Câmara Municipal, Duarte Cordeiro, anunciou o encerramento do Miradouro de Santa Catarina para obras de requalificação. O espaço está vedado desde então, mas ainda nada aconteceu ali.
Já em setembro, vereadores aprovaram duas moções, apresentadas por BE e PCP, que visavam que o miradouro, também conhecido como Adamastor, não seja delimitado por vedações, nem venha a ter um horário de acesso, ao contrário do que defendem os socialistas.
Na quarta-feira o BE voltou à carga, mas desta vez com uma proposta que visa “requalificar o espaço, garantindo equipamentos como bancos públicos e mesas independentes do quiosque, assim como recipientes para lixo e reciclagem adaptados ao espaço”.
O BE quer também que seja elaborado um “plano anual de dinamização do espaço” para “dinamizar culturalmente o miradouro”.
Nessa animação estariam incluídas “feiras artísticas, artesãs, do livro, de produtores regionais e de produtos biológicos”, “concertos clássicos de alunos do conservatório e performances de dança e teatro”, a par da “dinamização de momentos para divulgação de bandas locais, com pequenos concertos em horário diurno e volume adequado”.
Na proposta, Manuel Grilo quer ainda que seja promovido “o policiamento de proximidade no local, em articulação com a PSP, e garantindo que, a partir da hora de fecho dos bares da zona envolvente, seja realizada uma monitorização do espaço para assegurar a segurança do bairro”.
Durante a reunião, o autarca apontou a apreciação da proposta “para janeiro” e defendeu que não vai deixar de “apresentar propostas para tornar aquele que é um espaço muito nobre da cidade, num espaço aberto”.
O tema esteve em cima da mesa na reunião de quarta-feira, depois de uma representante do grupo de cidadãos “Libertem o Adamastor” ter defendido que “o encerramento do Miradouro de Santa Catarina desde o dia 25 de julho de 2018, por tempo indeterminado, e sem informação visível, legalmente prevista, sobre o que ali pretenderiam fazer” constitui “uma agressiva ação de ocupação do espaço público”.
Na opinião de Irina Gomes, a solução passa então pela câmara ouvir “todas e todos, e depois sim, tomar medidas”.
Intervindo na discussão, o PSD defendeu que “não é através da construção de muros que se resolvem os problemas do tráfico de droga e da insegurança na cidade”, mas sim “através do policiamento”.
Para o PCP, o presidente da câmara tem “dificuldade em conviver com a participação democrática na gestão da sua cidade”, o que é “por demais evidente com estas situações de espaço público vedado”.
Por seu turno, o CDS convidou Medina a “ir ao terreno e falar com as pessoas” e advogou “medidas alternativas”, que passem “efetivamente pelo policiamento”.
Em resposta, o presidente da Câmara de Lisboa destacou que, “de há largos anos a esta parte”, os problemas “da segurança, da degradação do espaço público, da perturbação do descanso são levantados veemente pelos moradores”, o que motivou a intervenção.
Por isso, na sua opinião, a solução terá de passar pelo "ordenamento do espaço público", e não apenas por policiamento.
Fernando Medina mostrou-se disponível para “trocar as [suas] ideias por outras melhores”, mas recusou “não fazer nada” naquele local.
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