“Ao defender um país, a Ucrânia, que está ameaçado por outro que tem neste momento um líder autoritário, e não tem a ver com o povo russo em si, mas com a Federação Russa como ela é comandada hoje, com arsenal nuclear 28 vezes maior do que a Ucrânia, [esta] faz figura de pequeno país quando está confrontado com a Federação Russa”, afirmou.
Para Rui Tavares, que falava aos jornalistas, em Lisboa, à margem da inauguração da exposição intitulada “Crianças da Ucrânia, Crianças do Mundo”, é necessário defender o “direito internacional” para impedir a hegemonia dos “novos impérios”.
“Nós, Portugal, sabemos que se os pequenos países não se unem na defesa do direito internacional e na defesa da unidade europeia, então nesse caso os novos impérios renascidos no século XXI farão aquilo que quiserem”, alertou.
E sublinhou que o Livre propõe “um projeto europeu democrático” capaz de estabelecer “uma comunidade de defesa europeia” para evitar “depender” de outros países ou de “superpotências”.
Questionado sobre se a posição do PCP em relação à invasão russa da Ucrânia poderá ser prejudicial para a esquerda, Rui Tavares escusou-se a comentar a posição de outros partidos e reafirmou que o Livre tem vindo, “desde antes do primeiro dia”, a alertar “contra o belicismo de Vladimir Putin” e “pela libertação dos presos políticos que estão nas masmorras de Putin”.
“Reafirmamos essa posição como sendo uma posição que achamos que é genuinamente de esquerda, que é genuinamente progressista e que é a que está no interesse da autodeterminação dos povos e dos países médios e pequenos da Europa, como é Portugal também”, considerou.
No seu entender “é mais importante do que nunca que todos os países do Mundo se unam para tirar das prisões de Putin, Vladimir Kara-Murza, que é o opositor russo sobrevivente agora, depois de Navalny que foi basicamente assassinado”.
“Temos de ter Vladimir Kara-Murza cá fora, ele tem de sobreviver porque a Rússia tem de ter uma hipótese de ter uma via soberana e democrática num futuro pós Putin”, acrescentou.
Quando questionado sobre o facto de os debates eleitorais terem deixado de fora as questões internacionais e a cooperação internacional, o cabeça de lista do Livre pelo círculo de Lisboa lamentou e apontou para a necessidade de “mais debates com os oito partidos” e “temáticos”.
Para Rui Tavares, “teria sido, se calhar, mais esclarecedor ter vários debates, de vários partidos” para debater questões relacionadas com as “alterações climáticas e defesa da biodiversidade”, mas também sobre a “política internacional e política europeia”.
“A União Europeia [EU] vai mudar até ao fim desta década de 2030, vai certamente alargar-se, por imperativo geopolítico. A Ucrânia fará parte da UE, como fará a Moldova, como provavelmente fará a Geórgia também e há outros países que têm legitimas expetativas de entrar na UE, isso vai significar para Portugal uma necessidade de reinventar a nossa economia e a nossa sociedade”, alertou.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada em 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a II Guerra Mundial (1939-1945).
Os aliados ocidentais da Ucrânia têm fornecido armamento a Kiev e aprovado sucessivos pacotes de sanções contra interesses russos para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra.
O conflito, que entra agora no terceiro ano, provocou a destruição de importantes infraestruturas em várias áreas na Ucrânia, e um número por determinar de vítimas civis e militares.
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