O candidato à liderança do PSD Luís Montenegro reconheceu hoje a derrota nas eleições diretas e disse que já telefonou ao presidente Rui Rio a saudá-lo pela vitória, pedindo-lhe que tenha “a capacidade de devolver a unidade ao partido”.
"Ele foi o vencedor, é credor naturalmente do nosso cumprimento, do nosso desejo de que possa ultrapassar com êxito os próximos combates que o partido vai travar", disse Montenegro, referindo-se às eleições regionais dos Açores este ano e às autárquicas de 2021.
No entanto, disse também que, "não pondo em causa os resultados de hoje, mas com a responsabilidade e a legitimidade de representar cerca de 47% dos militantes", é importante que a direção do partido interprete "os resultados eleitorais do último ano e aquilo que resulta da avaliação que os militantes hoje fizeram".
Todavia, salientou, "é sobretudo importante que o PSD tenha paz e tenha unidade". "Todos temos de contribuir para acabar com a cultura de fação, com divisões insustentáveis, e com agressividades intoleráveis", defendeu.
"Todos temos de colaborar para o desidrato de unir o PSD, mas também disse muitas vezes na campanha, com frontalidade e lealdade, que essa unidade começa na liderança e no líder. Desejo que o dr. Rui Rio tenha a capacidade de poder devolver esta unidade ao nosso PSD", disse ainda.
Olhando para o que espera ao partido daqui para a frente, Luís Montenegro disse que "ultrapassada esta fase de eleições internas", espera que o PSD "possa constituir-se como a oposição firme e exigente que o país precisa e possa também alicerçar as bases de uma alternativa política diferenciadora".
"Não tenho dúvidas que o país precisa do PSD", reiterou.
Sobre o seu futuro pessoal, Montenegro não se retira de cena: "Eu estarei no futuro, como estive no passado, disponível para ajudar o meu partido. Vou regressar à minha condição de militante de base, não tenciono nos próximos tempos desempenhar nenhum cargo, mas estarei disponível para os combates que o partido vai enfrentar na medida que o partido quiser e solicitar."
Assim, avisou que "não vale a pena anunciarem" a sua morte política, considerando que essa notícia seria "manifestamente exagerada".
Questionado se admite ser candidato nas autárquicas de 2021, o antigo deputado considerou que “esta questão não se coloca” de momento.
“Eu não sou político de profissão, sou político por missão, não tenho essa visão de preocupação em relação ao meu futuro político. Estou centrado em ser um militante ativo do PSD e continuar a contribuir e colaborar para que o partido tenha êxito nos seus diversos combates”, afirmou.
Quanto à sua participação no congresso de Viana do Castelo, Montenegro definiu-a como “uma participação no debate”.
“Não vou reivindicar no congresso nada que não seja o que me compete, que é dar a minha opinião, o meu contributo: participar nesse grande debate que é a reunião magna do PSD, esgoto aí a minha participação no congresso e creio que já não é pouco”, disse.
Montenegro foi recebido na sala do hotel onde acompanhou a noite eleitoral com demorados aplausos de pé pelos seus apoiantes, chegando acompanhado da mulher, da ex-ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque, da mandatária nacional Margarida Balseiro Lopes, do antigo líder parlamentar Hugo Soares e do diretor de campanha e deputado Pedro Alves.
O candidato e presidente do PSD, Rui Rio, foi hoje reeleito com 53,02% dos votos, derrotando o ex-líder parlamentar Luís Montenegro, que teve 46,98%, anunciou o conselho de jurisdição nacional do partido.
O anúncio foi feito pelo presidente do conselho de jurisdição, Nunes Liberato, na sede nacional dos sociais-democratas, em Lisboa, cerca das 23:20.
Esta eleição foi decidida numa segunda volta das diretas no PSD, o que aconteceu pela primeira vez na história do partido.
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