Severo está até sábado no Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas, espaço cultural que se situa na Ribeira Grande, na ilha de São Miguel, numa residência artística onde tem composto, descansado e aproveitado a “beleza” dos Açores.
Em entrevista à agência Lusa, o músico começa por abordar o disco homónimo lançado no ano passado, o seu segundo de originais em nome próprio, sucessor de "Cara de Anjo" (2015) e trabalho aclamado por grande parte da imprensa musical portuguesa.
“Mais do que a atenção dos media, o que me soube mesmo bem é ver que as pessoas vão aos concertos. Isso teve um significado mais novo, alguma atenção mediática sempre tive”, considerou o músico, que admite apreciar a sensação que as pessoas se identificam com as canções que escreve.
E concretiza: “Acho que há uma comunidade afetiva em torno das minhas canções, em todo o caso também não gosto quando se passa disso para a coisa seguinte, achar que, sendo assim, falo em nome de um coletivo”.
Severo não se assume nem pretende ser, portanto, um líder ou porta-voz de uma qualquer comunidade ou até da sua geração – “As coisas não se dividem em gerações, há idiotas em todas as gerações”, conta, entre risos –, da mesma forma que pôs de lado o seu curso de Sociologia.
“Não me considero um bom sociólogo. Acho que sou mais competente a fazer música e, além disso, acho que não sei fazer mais nada”, advoga.
Em trabalhos de atendimento ao público, por exemplo, seria “péssimo”. Mas a fazer discos, Severo sente-se em casa: os dias passados na Ribeira Grande, que dista 15 quilómetros de Ponta Delgada, maior cidade açoriana, têm servido para alinhar ideias de um disco que deverá ser gravado até junho.
“Vou para estúdio, em princípio, em maio, junho, o que significa que, em setembro, [o disco] está pronto. Consoante o que me aconselharem as pessoas que tenho à minha volta, vemos quando sai”, declara.
Na sexta-feira, penúltimo dia da presença de Luís Severo nos Açores, o Arquipélago que acolhe a temporada açoriana de criação musical rumo ao terceiro de originais, recebe uma atuação do músico, apenas acompanhado pelo piano.
À Lusa, Severo define-se como “um bocado 'cota'”, algo que os 25 anos de idade aparentam desmentir – mas o músico é perentório: “A sério. Não gosto de ouvir música alto. Odeio os ‘soundchecks’ quando toco com banda, esse tempo todo, acho uma 'seca'. Estou sempre a dizer aos meus músicos para tocarem mais baixo. Mas acho que já chegámos a um compromisso”, concretiza, novamente entre risos.
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