Numa mensagem hoje enviada aos portugueses, o grão-mestre da mais antiga obediência maçónica portuguesa, Fernando Cabecinha – que tomou posse há dois anos -, apelou “a todos os democratas e defensores das liberdades, da igualdade e da fraternidade para que honrem a democracia, os mandatos, e fortaleçam, inovem, intensifiquem e diversifiquem a representação democrática para que os cidadãos se sintam bem representados e participantes”.
A “corrupção é o principal adversário dos sistemas democráticos e das instituições e só há um caminho para a prevenirmos e combatermos: eliminar a burocracia inútil e modernizar as administrações públicas para que sejam rigorosas e céleres na solução dos problemas dos cidadãos e das organizações”, escreve o dirigente do GOL.
Na mensagem enviada aos maçons, o grão-mestre recordou que os membros da maçonaria devem “defender os regimes de representação democrática, as leis de cada Estado cujo poder político é exercido democraticamente”, “combater a corrupção” e “lutar pela paz”.
O GOL mostra-se preocupado em particular com os “sintomas de autodestruição individual e coletiva”, num contexto em que os “regimes democráticos estão doentes, fruto dos maus exemplos na conduta e prática dos representantes eleitos ou nomeados pelos Governos”.
Estes comportamentos “provocam o afastamento dos cidadãos da cidadania, da participação política e permitem que despontem discursos extremos e populistas”, diz.
O dirigente alerta que há hoje “quem, com sucesso, utilize as regras da democracia para alcançar influência e poder e, assim, destruir ou suprimir o respeito pelos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos e os valores universais conquistados”.
“Ser maçom, hoje, é ser contra todas as formas de tirania”, defender, “custe o que custar, a dignidade de cada ser humano” e proteger a “natureza, o ambiente e preservar, com dignidade, as condições de vida no nosso planeta”, escreve Fernando Cabecinha.
E alerta que “os investimentos e a gestão das receitas e do património do Estado devem ter como fins últimos” a proteção do direito à saúde, educação, habitação, justiça e “a garantia dos meios para que uma vida digna ocorra desde o nascimento até ao ocaso da vida”.
Caso estes objetivos sejam cumpridos, é evitado que “os discursos radicais aproveitem as ineficiências da máquina administrativa e as práticas indevidas para alimentarem o discurso do ódio e a adesão dos descontentes aos seus projetos de crescimento eleitoral e de conquista de poder”.
O GOL avisa ainda que “as alterações climáticas (e a poluição resultante da ação humana) estão a minar o mundo e as democracias”, provocando “disputas territoriais, guerras, insegurança, desemprego e ausência de meios de subsistência, doenças e fome”, contribuindo para uma “migração massiva de pessoas desesperadas”, que acaba por fazer “aumentar discursos xenófobos, racistas e a promover a exploração de mão-de-obra escrava”.
No seu texto, o grão-mestre do GOL comentou o advento da Inteligência Artificial, mas defendeu “um quadro ético forte para o desenvolvimento e uso” destas tecnologias, numa crítica à “concentração de poder nas mãos de grandes corporações tecnológicas”.
“Estas entidades possuem um poder sem precedentes sobre a informação e a economia” e é “imperativo que haja um controlo democrático e justo sobre essas empresas, garantindo que contribuam muito mais para a sociedade através de uma fiscalização apropriada e de um regime fiscal que assegure uma justa redistribuição da riqueza que acumulam”, refere ainda o dirigente do GOL.
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