O professor catedrático e politólogo André Freire morreu hoje, aos 63 anos, na sequência de uma intervenção cirúrgica num hospital de Lisboa.

Numa mensagem publicada no sítio oficial da Presidência da República na Internet, Marcelo Rebelo de Sousa afirma que recebeu "com profundo pesar" a notícia da morte do docente e investigador.

"A Academia, o debate público e a sociedade civil ficaram hoje mais pobres, mas a vasta obra que nos deixou perdurará", considera o chefe de Estado.

O Presidente da República relembra "a relação pessoal de muitos anos" com André Freire e "apresenta sentidas condolências à família, amigos e ao Instituto Universitário de Lisboa".

Também o partido Livre manifestou “profundo pesar” pela morte de André Freire, lembrando o seu papel na “defesa do estado social e democrático”.

Em comunicado, o partido salienta que André Freire “não se contentou apenas com o trabalho académico”, tendo participado nas primárias para se candidatar a deputado pelo Livre/Tempo de Avançar nas legislativas de 2015.

“Em 2015, num momento crítico para o país, o académico envolveu-se ativamente na candidatura LIVRE/Tempo de Avançar, tendo integrado as listas às eleições legislativas desse ano. O seu contributo e entusiasmo nesse processo é ainda hoje recordado”, lê-se na nota.

O partido recorda a “longa e respeitada carreira” do politólogo, assinalando que André Freire escreveu “mais de 30 livros” e publicou “mais de 100 artigos académicos, inclusive em revistas internacionais”.

“Os seus projetos incidiram sobre os comportamentos dos eleitores e dos eleitos, as instituições políticas e a representação política, tendo sido pioneiro na criação dos estudos eleitorais”, é enaltecido no texto.

O partido também refere que Freire era “presença frequente em fóruns científicos e políticos nacionais e internacionais, tendo sido perito e consultor nas áreas de ensino superior e investigação na Ciência Política”.

“Assumiu uma conduta participativa e de defesa do Estado social e democrático, coordenando o Observatório da Democracia e da Representação Política no Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE), que avalia o impacto de movimentos políticos extremos e as dinâmicas políticas em contexto de eleições e crises políticas em Portugal”, destaca o partido.

Professor e diretor do Departamento de Ciência Política do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa (IUL) desde 2015, André Freire escreveu vários livros sobre atitudes e comportamentos eleitorais, o último dos quais foi "Eleições, Partidos e Representação Política", apresentado na segunda-feira.

Segundo a sua nota biográfica, foi um dos pioneiros na criação dos estudos eleitorais em Portugal, com base em inquéritos de opinião pós-eleitorais, em 2002 e 2005.

Nascido em Lisboa em 1961, André Freire licenciou-se em sociologia em 1995 no ISCTE-IUL – Instituto Superior Ciências Trabalho e da Empresa. Nove anos depois, em 2004, fez o doutoramento em Ciências Sociais na Universidade de Lisboa.

Publicou mais de 30 livros, como autor ou co-autor, um dos primeiros em 2002, sobre a abstenção eleitoral, seguindo-se "Esquerda e Direita na Política Europeia", em 2006, "Austeridade, Democracia e Autoritarismo" e "Da 'geringonça' à Maioria Absoluta", em 2023.

Politicamente, entrou nas primárias para se candidatar a deputado pelo Livre/Tempo de Avançar para as legislativas de 2015.

Foi colunista de jornais como o Público e o Jornal de Letras e comentador na RTP.