"Desde que a Polícia Metropolitana começou realmente a investigação sentimos que nos tirou uma enorme pressão, individualmente e como família", afirmou Gerry McCann à BBC, na única entrevista que o casal concedeu a propósito do 10.º aniversário do desaparecimento de Madeleine McCann, e cuja reprodução foi autorizada para outros órgãos de comunicação social.
A "Operação Grange" foi aberta em 2011 para reavaliar todos os documentos e informações relacionadas com o caso, evoluindo no ano seguinte para um inquérito formal.
Entretanto, a Polícia Judiciária também reabriu o caso, tendo feito várias diligências em coordenação com os detetives britânicos.
Para o médico escocês, o encerramento da investigação inicial da Polícia Judiciária significou que "ninguém estava proativamente a fazer nada para tentar e encontrar Madeleine", resultando num sentimento de injustiça e frustração por não ver averiguadas todas as linhas de inquérito possíveis.
Gerry McCann reconheceu terem sido privilegiados com donativos que, terão superado os dois milhões de euros, o que permitiu financiar uma campanha para tentar encontrar a filha, incluindo a contratação de detetives privados, mas referiu que estes não têm os mesmos poderes que uma força policial.
A investigação britânica, continuou, permitiu que tenham sido averiguadas várias linhas de inquérito, muitas das quais foram fechadas sem que a resposta ao que aconteceu a Madeleine tenha sido alcançada.
"Isso é quase tão importante como encontrar o responsável, saber que essas linhas foram encerradas", salientou.
Quanto às pistas "cruciais" que a Scotland Yard revelou esta semana estar a seguir, os pais mostram-se tranquilos com o facto de o inquérito continuar a progredir.
"Eles conseguiram juntar tanta coisa e crivar tanta informação, por isso agora parece que existem apenas algumas linhas de inquérito em vez de dezenas ou centenas", acrescentou a mãe da criança, Kate McCann.
Dos 29 detetives que a "Operação Grange" inicialmente envolveu restam apenas quatro dedicados ao caso, mas desde 2011 já foram gastos cerca de 12 milhões de libras (14 milhões de euros).
Gerry McCann considera que as críticas aos meios investidos nesta investigação são "muito injustas" mesmo tendo em conta que é apenas uma criança entre muitas desaparecidas, mas argumentou que este é um caso muito raro e que atraiu muita atenção.
"Há milhões de turistas britânicos que vão para o Algarve todos os anos e, essencialmente, temos uma pessoa britânica que foi alvo de um crime e há outros crimes que foram descobertos após o rapto da Madeleine que envolvem turistas britânicos. Por isso, penso que serem julgados é um fim razoável", vincou.
Madeleine McCann desapareceu poucos dias antes de fazer quatro anos, a 03 de maio de 2007, do quarto onde dormia juntamente com os dois irmãos gémeos, mais novos, num apartamento de um aldeamento turístico, na Praia da Luz, no Algarve.
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