PSD com maioria absoluta, JPP (Juntos Pelo Povo) como terceira força política, Chega a conseguir eleger um grupo parlamentar. Se as sondagens fossem exatas, este seria o resultado das eleições legislativas regionais da Madeira no próximo domingo.
Mas as sondagens não são uma ciência exata, e o presidente do governo regional da Madeira, Miguel Albuquerque, sabe disso, até porque foi ele em 2019 perdeu a maioria absoluta que o PSD mantinha há uma eternidade.
"Vão votar, não há vitórias antecipadas, nunca vi ninguém ganhar umas eleições nas sondagens. As sondagens são positivas, mas é fundamental as pessoas perceberem que só no dia da eleição, com o voto depositado na urna, está determinado o futuro", disse o líder do PSD-Madeira durante em comício em Câmara de Lobos, no dia em que foi divulgada a sondagem da Universidade Católica para a RTP, que dá vitória à coligação Somos Madeira (PSD/CDS-PP).
Miguel Albuquerque já afirmou que sem maioria absoluta não vai aceitar o cargo de presidente do governo regional da Madeira. "Precisamos de uma maioria absoluta para governar a Madeira, se não tivermos a maioria não é possível governar esta terra", disse.
"Se não tiver maioria absoluta, não tenho condições de governabilidade. Se não tenho condições de estabilidade nem de governabilidade, não consigo cumprir o programa. Se não cumprir o programa não vou estar a negociar com partidos contestatários radicais de esquerda aquilo que é fundamental para o futuro da Madeira", insistiu noutra ocasião.
O PSD chegou à presidência do governo regional da Madeira em 1976, com a maioria absoluta de Jaime Ornelas Camacho. Dois anos depois chega Alberto João Jardim, sempre com maiorias absolutas. Miguel Albuquerque, o terceiro na linha de sucessão, chega em 2015 e perde a maioria absoluta em 2019 (com um executivo que a maioria dos eleitores avalia como "razoável", neste quatro anos).
Mas, é preciso lembrar, há 50 anos candidataram-se seis partidos, hoje concorrem mais do dobro: há treze partidos candidatos, duas coligações, incluindo a Somos Madeira, que pretende levar Miguel Albuquerque ao terceiro mandato.
Para alcançar a maioria absoluta será preciso conquistar 24 dos 47 lugares no parlamento regional, e é isso que os madeirenses vão decidir este domingo. Daqui sairá o próximo governo regional da Madeira.
O PSD tem atualmente 21 assentos, o CDS-PP tem três. A coligação tem o objetivo de garantir a maioria. O CDS acaba por ser uma boia de salvação para o PSD, ao mesmo tempo que garante a sua sobrevivência num cenário que lhe é cada vez mais desfavorável: o partido tem vindo a perder votos sucessivamente, em 2015 tinha garantido sete deputados, nove em 2011.
Miguel Albuquerque não é o único a apelar ao voto - apesar de as estatísticas mostrarem que os resultados do PSD sobem quando a abstenção diminui. De acordo com as sondagens - das três organizações, Intercampus, Aximage e Universidade Católica -, o PS perde representatividade (20% a 26% dos votos na sondagem da Católica), o JPP (Juntos Pelo Povo) pode ser a terceira força política e o Chega poderá eleger pela primeira vez e até conseguir um grupo parlamentar (ambos com entre 5% e 9%).
André Ventura, líder do Chega, confessa que "se Miguel Albuquerque tiver maioria absoluta, para mim é uma derrota". Ao mesmo tempo, o JPP, que começou por ser um movimento político criado por dois irmãos Filipe e Élvio Sousa, dissidentes do PS, ameaça fazer estragos.
Uma incógnita parecem ser os resultados da CDU (coligação PCP/PEV) e do Bloco de Esquerda, ambos com a hipótese de ficar fora do parlamento regional. Assim como a Iniciativa Liberal, que tem como objetivo conseguir eleger um grupo parlamentar.
Se no campo político não há qualquer paralelo entre o que se passa na Madeira e a realidade nacional, já ao nível da realidade que vivem os cidadãos as semelhanças são muitas, quer em termos económicos, quer sociais.
O acesso à habitação, sobretudo por parte das gerações mais novas, é um problema, com o preço das casas a bater recordes. Outro tema que tem dominado a campanha são os impostos e a necessidade de os reduzir para fazer face ao aumento do custo de vida, que está a produzir muitas insolvências, sobretudos de pessoas singulares (80%). A agricultura é outra preocupação, com os produtores de duas das principais culturas da região, a banana e a uva/vinho, a pedirem apoios para sobreviver. De resto, como o Continente e Açores, a Madeira está altamente dependente do turismo.
E são estes (e outros) os problemas que os madeirenses querem ver resolvidos e é para isso que vão a votos já este domingo, 24 de setembro, depois de 13 dias de campanha em que os candidatos tiveram a oportunidade para convencer os eleitores, incluindo os 44,49% que se abstiveram há quatro anos.
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