Durante a noite, quatro barcaças chegaram à costa de Lampedusa com 133 migrantes que partiram das cidades líbias de Sabratha e Zuara e da cidade tunisina de Sfax, no norte de África, segundo os meios de comunicação locais.
Nas barcaças, intercetadas pela polícia de fronteira de Itália, estavam tunisinos, egípcios, paquistaneses, sírios, bengalis, quase todos homens, embora numa das embarcações estivessem oito mulheres e cinco menores, segundo as mesmas fontes, citadas pelas agências internacionais.
Todos foram levados para o único centro de acolhimento de Lampedusa e depois transferidos para Porto Empedocle, na Sicília.
Durante a madrugada de hoje, chegaram ainda outros dois barcos de madeira às falésias de Lampedusa com 46 e 78 imigrantes, respetivamente, todos provenientes de Zuara.
A bordo de uma das embarcações foi encontrado o corpo de um homem.
Já na quinta-feira, a guarda costeira italiana tinha enviado para Lampedusa o navio de resgate humanitário ‘Sea Watch’, porque albergava quatro migrantes a precisar de cuidados médicos.
O navio já tinha resgatado 70 pessoas no mar e uma delas, um rapaz de 17 anos, morreu a bordo.
Embora o número de migrantes desembarcados nas costas italianas seja muito menor este ano do que no mesmo período do ano passado – 4.979 até agora, ou seja, três vezes menos do que os 15.107 registados até março de 2023, segundo dados do Ministério do Interior — a ilha de Lampedusa continua a ser um dos principais pontos de chegada de migrantes vindos de África e que procuram entrar na Europa.
Por isso, a ilha foi hoje visitada por uma delegação da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa) que quis verificar no terreno os desafios enfrentados pelas autoridades italianas relativamente à migração irregular.
A delegação foi composta pela presidente da Assembleia Parlamentar (AP) da OSCE, Pia Kauma (Finlândia) e membros do comité ‘ad hoc’ da AP da OSCE para a Migração, presidido pela vice-presidente da OSCE, Daniela De Ridder (Alemanha), e pelo representante especial para o Combate ao Crime Organizado, Eugenio Zoffili (Itália).
Num comunicado, os responsáveis reiteraram que a Itália “merece apoio contínuo à gestão dos fluxos migratórios” e que “a comunidade internacional deve fazer mais para abordar conjuntamente a migração irregular” e os fatores que a promovem e a potenciam.
Pela sua proximidade com o norte de África, Lampedusa constitui a linha da frente da rota do Mediterrâneo Central, a mais ativa e mais mortífera para os migrantes que entram irregularmente na União Europeia (UE), segundo reconheceu a delegação da OSCE.
“A migração é um fenómeno global que requer uma abordagem coordenada”, afirmou o Pia Kauma, citada no comunicado.
“Os esforços da Itália e da UE para resolver as chegadas irregulares parecem estar a dar frutos, com os números até agora a descerem 70% em 2024 em comparação com o ano passado”, mas “temos de continuar a trabalhar em conjunto para garantir que estamos mais bem preparados para enfrentar os desafios futuros”, defendeu.
Já a presidente do comité ‘ad hoc’, sublinhou a necessidade de haver “uma cooperação mais estreita com outros países da linha da frente” de todo o Mediterrâneo.
“Lampedusa é um lugar onde a tragédia e a esperança se misturam com muito potencial. Muitas vezes não conseguimos compreender a vontade de correr riscos dos refugiados que querem chegar à Europa por mar, mas temos de trabalhar mais intensamente nas causas da fuga, especialmente nos conflitos, na pobreza e nas alterações climáticas”, concluiu Daniela De Ridder.
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