“Mais de 30.000 deslocados chegaram a Maiduguri nas últimas semanas, maioritariamente provenientes de Baga”, que foi tomada pelo Boko Haram temporariamente, revelou a Organização das Nações Unidas (ONU), num comunicado que fala em “tragédia humanitária”, embora os números oficiais contabilizem até agora apenas alguns milhares de deslocados.
“As Nações Unidas estão extremamente preocupadas com as consequências da violência sobre os civis”, nomeadamente em Borno, o coração do conflito que tem devastado o país nos últimos dez anos, denunciou Edward Kallon, coordenador das Nações Unidas para a Nigéria, numa visita aos campos.
“Cerca de 260 trabalhadores humanitários foram obrigados a deixar os distritos de Monguno, Kala/Balge e Kukawa, zonas afetadas pelo conflito desde novembro, colocando em perigo a assistência humanitária para centenas de milhares de pessoas”, lamentou Kallon.
Estima-se que 1,8 milhões de pessoas não consigam chegar às suas casas na região do Lago Chade. O conflito já fez mais de 27.000 mortos desde 2009.
O Presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, diz desde dezembro de 2015 que a insurgência jihadista foi “tecnicamente derrotada”, mas reconheceu na segunda-feira que o exército sofreu reveses na luta contra o Boko Haram.
Os insurgentes intensificaram os ataques nos últimos seis meses, incluindo contra bases militares, e mataram dezenas, senão centenas, de soldados. Os militares nigerianos divulgaram recentemente vídeos em redes sociais queixando-se das más condições e equipamentos obsoletos.
A tomada temporária de Baga em 27 de dezembro é mais uma demonstração de força: em poucas horas, os atacantes derrotaram os 500 a 600 soldados da Força Multinacional Conjunta (MNJTF), composta por unidades da Nigéria, Níger, Chade e Camarões.
Na terça-feira, o governador do estado de Borno foi a Monguno e chorou pelas vítimas do conflito, pedindo ajuda ao governo federal.
Muhammadu Buhari, que é candidato a um novo mandato nas eleições gerais de 16 de fevereiro, foi eleito em 2015 com a promessa de erradicar o grupo jihadista e o recente intensificar dos ataques é um duro golpe para o chefe do Estado, antigo general.
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