“Estamos muito descontentes porque desde o início tornou-se um assunto sobretudo político para saber como acusar a Rússia”, disse o primeiro-ministro da Malásia, Mahathir Mohamad, em declarações à comunicação social, um dia depois de uma equipa internacional liderada pela Holanda, que investigou a queda do voo MH17 em julho de 2014 no leste da Ucrânia com 298 pessoas a bordo, ter anunciado a identificação de quatro suspeitos: três russos (Sergei Doubinski, Igor Guirkine e Oleg Poulatov) e um ucraniano (Leonid Khartchenko).
Os quatro suspeitos vão ser julgados por homicídio em março de 2020 na Holanda, país que responsabiliza a Rússia pela participação na destruição do avião.
“É ridículo”, acrescentou Mahathir Mohamad.
“Naquilo que nos diz respeito, queremos provas de culpabilidade. Até agora não há provas. Apenas boatos”, concluiu.
Em reação às declarações de Mahathir Mohamad, o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, acusou hoje o seu homólogo malaio de ter “semeado a confusão” com as suas críticas.
“Imagino que os familiares das vítimas devem ter ficado desapontados e que as críticas semearam muita confusão”, afirmou Rutte, em declarações aos jornalistas antes do início de uma reunião do Conselho Europeu, a decorrer hoje e sexta-feira em Bruxelas.
Mark Rutte também referiu que o ministro dos Negócios Estrangeiros holandês irá contactar o Governo da Malásia a propósito das declarações de Mahathir Mohamad.
Também hoje o Presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que “não há provas” sobre a implicação da Rússia na queda do voo MH17 em 2014 no leste ucraniano, em reação à decisão do comité de investigação internacional, do qual também fazem parte peritos malaios.
“O que foi apresentado como provas de responsabilidade da Rússia, não nos convence absolutamente. Acreditamos que não há provas”, disse Putin à comunicação social, no final de uma sessão anual transmitida pela televisão durante a qual o chefe de Estado responde a perguntas do público russo.
O aparelho Boeing 777 da Malaysia Airlines despenhou-se em 17 de julho de 2014 quando sobrevoava um território controlado por separatistas pró-russos no leste ucraniano, cenário de um conflito armado.
As 298 pessoas a bordo do avião que fazia a ligação Amesterdão–Kuala Lumpur — maioritariamente holandeses — morreram.
Segundo a Comissão Internacional de Investigação, que também integrou investigadores da Austrália, Bélgica, Malásia e Ucrânia, o aparelho da Malaysia Airlines foi abatido por um míssil proveniente da 53.ª brigada antiaérea russa, baseada em Kursk (oeste da Rússia).
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